quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

*

Nesse escuro,

Onde só eu vivo,

Achei o meu lugar.

Doce escuro,

Ninguém quer disputar.

Eu tenho paz,

Calma,

E eu sou eu,

Mesmo que ninguém consiga olhar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Novo, mais uma vez

Eu sorri e disse adeus. Passou algum tempo, eu me senti como se meu olhos tivessem se separado da minha cabeça, observando tudo, sem limitações. Eu não tinha peso, e tudo parecia claro. Cores claras. Parecia um quarto de bebê.

Até que eu senti meus pés no chão. Não era como algodão, que nem eu pensava... As nuvens são parecidas com claras batidas em neve... Não me contive. Me abaixei e peguei com o dedo um pouco, botei na boca. Não tinha gosto de nada. Me aliviei, pois meus pés não ficariam grudando por causa do açúcar.

Nada parecido com o que eu imaginava, não encontrei minha avó, nem meu tio Julio. Não tinha nenhuma pessoa na entrada. Haviam ovelhas, feitas do mesmo material que havia no chão. Elas falavam, sim. Achei estranho, mas encantador.

Fiquei com medo, cheguei a pensar que lá tudo é tão diferente, que ovelhas poderiam falar, e humanos não. Ainda não tinha aberto minha boca. Abri, e disse meu nome. Sorri ao dizer meu nome. Pelo menos isso eu tinha garantido, minha boca e meu nome. Logo, as ovelhas me falaram que eu poderia esquecê-lo. Que aqui, ninguém precisaria de nome para se referir a ninguém. Bastava pensar em tal pessoa, que aquela pessoa saberia que gostaríamos de falar com ela. Sem nome, sem nada.

Num lugar tão surpreendente assim, já me imaginei vivendo perfeitamente, comendo morangos com chocolates e bebendo suco de morando todos os dias. Eu até viraria um morango. Também não me importaria, pois eu poderia falar mesmo assim. Mas daí pensei bem, e me vi em uma torta branca cheia de creme, sendo devorada por alguns mosquitos cantantes.

Lá, os mosquitos não zumbiam nos ouvidos quando se tentava dormir, cantavam uma música de ninar, muito confortante... Se dormia muito, muito... Rara são as vezes que eu me lembro de alguém de minha família, de meus amigos. Não sei quantos anos eu tinha, e o meu nome, eu realmente esqueci. Se eu tinha filhos, não sei. Eles podem pensar em mim, eu não penso mais neles...

A ovelha que governa tudo aqui, não sei por quê, não nos diz o que vêm depois de tudo isso... Assim como não sabíamos antes. Mas eu tenho uma leve impressão que nos colocam aqui dentro, com tapetes de claras batidas em neves, com ovelhas de claras batidas em neves, mosquitos cantantes e tudo mais, para nós irmos esquecendo de tudo... Devagar, sem nem sofrer. Para que um dia, eu possa voltar para lá. E ganhar outro nome, talvez. Que um dia vou ter que esquecer de novo.

Eu lá vou saber quantas vezes eu fui e voltei.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Eu estou com muita raiva.

Uma boa escritora tiraria um texto bom disso, eu não...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Espontâneo

Todo mundo precisa rir.
Alguns notam que precisam,
E outros apenas riem, sem notar.