terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Eu vi uma folha cair.
Lembrei-me de um adeus
Que eu te dei.
A leveza de uma dor
Que demora a passar...
Vai planando, flutuando
Até cair no chão.
Quando cai,
Logo vem alguém e pisa
Pisa na folha seca...
A folha seca, de tanto tempo,
Que foi tão verde!

Como Gato

Talvez tu tenhas olhos de gato,
Com aquele estranho formato,
Mas que tiram a minha dor!

Talvez tu pules a janela,
Sem fazer algum barulho,
Como alguém que nunca,
Nunca nada pesou.

E se pela noitinha,
Não te chamar pra vir pra dentro,
Ou nem te dar comida...

Aí, então, me lembrarei:
Os gatos, independentes,
Cuidam de suas próprias vidas.
A Terra gira!
Para tentar ver a si mesma.
Como um cachorro que persegue o rabo,
Nunca consegue alcançá-lo!
O mais triste em ser mundo,
É não perceber e enxergar sua grandeza...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Espelho perigoso

Se os olhos não enxergam,
Os ouvidos não escutam...
O que o cérebro absorve
E o que a boca fala?
É comum não saber nada,
Quando o importante torna-se
Saber somente sobre si.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Até hoje não encontrei ninguém que pudesse explicar se é destino ou coincidência. A vida não deixou nenhuma pista. A coincidência tira a magia de um destino escrito. No entanto, é mais mágico acreditar que as coisas acontecem porque tem que acontecer, ou porque a vida simplesmente tomou outro rumo? O outro rumo está no meio de todas as outras coisas, e por uma infeliz ou feliz coincidência ele aconteceu.
Mágico é pensar que a gente vive tudo isso sem nunca poder responder se é destino ou coincidência, mas apenas saber lidar.
Hoje eu estou feliz, mas semana passada eu estava triste. Era assim que tinha que ser? Ou, por coincidência, hoje foi um belo dia de sol?

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Ela não entendeu por que, mas seus olhos estavam cada vez mais azuis. Um azul que não se limitava ao azul da cor do mar: era o azul de todos os azuis. Azul da água, do céu, da hortência. Sei lá, era azul do jeito que qualquer um podia ver, era azul do jeito que qualquer um quisesse ver.
Ela sorria branco. Branco de todas as flores, de todas as nuvens, branco como leite. Ela sorria todo o branco que tinha direito. Sorria até mesmo o branco que os outros não tinham.
O seu cabelo estava bem mais amarelo: um amarelo de quem deixou o sol entrar. E como entrou! Aquele sol invadiu o corpo todo e queimou quase tudo de ruim que tinha lá dentro.
Continuou não sabendo por que, mas ela estava encontrando nela mesma todas as cores possíveis, imagináveis. Finalmente ela conseguiu colorir o retrato preto e branco que estava dentro dela. Porque todos têm uma foto dentro de si, a imagem real, que nem sempre é sorridente.
Suas cores, agora, eram as mesmas, tanto do lado de dentro quanto do lado de fora. O que ela sentia, era o mesmo que ela mostrava: e tudo estava tão colorido! E agora tudo é tão feliz.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Para onde as pessoas vazias fogem?
E elas têm do que fugir?
Muitas vezes, é necessário fugir de si mesmo.
Mas e quando não se tem nada dentro de si?
Eu choro porque cada lágrima vai valer a pena.