quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"O passado é uma roupa que não nos serve mais."
Belchior

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Eu encontrei este perdido em meus rascunhos.

O tempo que é vento,
não se vê em relógio.
O vento que é tempo,
se olha na onda mar.
Os olhos tão puros,
derramavam um azul no vestido,
com babados de onda do mar.
Que mar é esse que, com o tempo,
desbota?
E que tecido é esse que não rasga,
mas quebra,
em uma onda não tão calma?
E por que, meu Deus, se é que há um Deus!
Por que não vejo apenas um vestido,
e duas bolitas azuis?
O que é esperar tanto,
quando não se sabe ver as horas?
O tempo perdido pode, também,
ser visto em rugas, no espelho.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os miados que se vão...


A certeza de que o céu
é peludo, fofinho e lustroso!
Um arisco tão animal,
e um mau humor tão humano.
Nos olhos se escondem,
um brilho amarelo feito ouro!
O céu é como um gato,
um minouro, um brisouro.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ele é perfeito...

Dos nossos males


"A nós bastem nossos próprios ais,


Que a ninguém sua cruz é pequenina.


Por pior que seja a situação da China,


Os nossos calos doem muito mais..."

Mário Quintana
Ele olhou, passou os olhos...Ele leu e não entendeu. O orgulho de sentir culpa pode ser, sim, muito prazeroso. Sentir culpa quer dizer que você além de ter fodido os outros, arrependeu-se e assumiu seus erros. Sentir culpa é, de alguma forma, se sentir melhor, mas se sentir maior. Ninguém sente culpa por bater em um forte, mas bater em um fraco é diferente. Por isso que eu prefiro sentir culpa. Eu prefiro muito mais sentir a culpa, me arrepender do que eu fiz pros outros, do que se arrependerem do que fizeram pra mim. Depender de um arrependimento é humilhante.


Já aconteceu comigo. Já aconteceu de eu sentir culpa e me sentir, no fundo, bem por isso. Já me aconteceu de me sentir mais importante porque, afinal, tem alguém chateado com o que eu fiz. Me sentir culpada mostra o quão má eu posso ser, o quão fria eu posso ser e o quão eu posso achar os outros coitados. Por isso que esse papinho de dizer que se sente culpado por tudo que fez comigo não cola. Ou só sou eu que penso assim? Só eu que me sinto culpada, sinto remorso, mas uma alegria profunda em ter alguém que sofre com as minhas cagadas. E tem? Tem alguém? Já teve.


E eu não me sinto mais culpada por isso. Eu não tenho mais pena, mas já tive. Já tive porque é soa bonito dizer "eu não queria mesmo fazer isso... estou me sentindo uma idiita." To nada. Idiota, no meu pensamento, é a pessoa que tá triste por minha causa. Isso sim é grande e eu que sou a boa. A boa que fez sofrer.


É tão bom sentir pena. Sentir pena diminui o outro me aumenta muito. Eu estou sentindo pena. Eu estou achando "o fim" o que aquela pessoa sente e, então, sinto pena. Porque eu fui a culpada. Eu fui a culpada da sua ruína. Ai como é bom!

Já me arruinaram também. E, ah, como é ruim quando sentem pena. No entanto, esses momentos que me encontrei em má situação não desenvolvo muito. Porque, podem acreditar, não podem sentir pena de mim por muito tempo... Se sentirem, pegam nojo. Mas não sentem! Porque eu custo a sentir pena de mim mesma. Quando a pena vem chorar pro meu lado, eu mesmo me levanto e daqui a pouco eu estou brilhando ao sol novamente - que brega - e sentindo pena dos outros. Ah, e como é bom!


Eu ia tentar me explicar... mas e daí se não concordam?
Ambos não aguentaram
O peso que ninguém nunca suportou.
Esse peso de amar pouco.
Amar muito dói,
mas amar pouco pesa.

Não sei se me entendem

Hoje, tenho que me obrigar a escrever.
Para não perder a prática e para não esquecer.
Não esquecer e deixar se perder.
Não se deixa perder um sentimento tão profundo!
Um sentimento que descreve sentimentos,
E escreve com as mãos!
No fim deste poema, escrever não é mais obrigatório.
E pensar que algumas vezes,
até o céu chora
por ser tão pesado o mundo!