Eu não escrevo mais
Eu choro o dia inteiro
Essas lágrimas de sal
Correm pelo banheiro.
Eu não consigo mais
Passar de quatro versos,
Agora tenho sete
Mas estão em aberto.
A vontade que eu tenho
É de me apagar por dentro
Ainda me contenho
E cai no esquecimento.
Eu só tenho palavras
Nem um pouco enriquecidas
Eu uso um remédio
Que me deixa esquecida.
Eu não sei mais
Fazer tu querer ler.
E eu não conjugo verbos
Quando eu estou a sofrer.
E dói tanto no peito
Dói como martelada
Ser tão, tão amada
E não sentir mais nada.
E é assim que eu vivo
Eu vivo como morte
E já não me importo
Se tenho azar ou sorte.
As minhas estrofes
Parecem tão largadas
É que vou escrevendo
Como se fosse nada.
Não lembro o que disse
No verso anterior
Só sei que não consigo
Mais ser um escritor.