quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Pessoas assim como...
Cobras: aquelas que conseguem largar o veneno tão sutilmente, que nos fazem parecermos loucos quando revidamos em nossa defesa. Em caso de escolher não revidar, passamos o resto do dia aguentando o veneno rondando pelo corpo.
Insetos no verão
O cascudo
faz um barulho
como o zíper que fecha,
o que deixam aberto!
O cascudo faz questão
de abrir o verão
e fechar o inverno!
Como irrita
aquele barulho
perambulando no chão!
Assim que se vê,
que tudo na vida,
tem seus contras:
Até mesmo essa quente estação.
(Agora deu de poema, eu vou matar esse cascudo mesmo.)
faz um barulho
como o zíper que fecha,
o que deixam aberto!
O cascudo faz questão
de abrir o verão
e fechar o inverno!
Como irrita
aquele barulho
perambulando no chão!
Assim que se vê,
que tudo na vida,
tem seus contras:
Até mesmo essa quente estação.
(Agora deu de poema, eu vou matar esse cascudo mesmo.)
domingo, 18 de dezembro de 2011
Eu quis que todos os parágrafos começassem assim
Aurora entrou no quarto chorando porque sentia um vazio pesado demais. Essas são as contradições da vida: algumas coisas vazias pesam. Desligou o telefone porque do telefone não saía nada de especial, do telefone saem vozes duras como pedra. Voz macia é a voz em que se vê o gogó mexendo na garganta. Aurora estava chorando para tentar preencher o vazio com as lágrimas, mas tinha uma escolha a fazer: continha as lágrimas dentro dela para preencher o vazio de dentro, ou jogava as lágrimas para fora para preencher o vazio de fora?
Aurora já não sabia mais ser ela mesma. Olhava para os lados, lia livros, visitava amigos que não eram os dela. Visitava amigos dos outros. E os dela, onde estavam? Aurora já não conseguia mais reconhecer seus cachos morenos no espelho! Aurora agora tinha o cabelo rosa. Aurora já não tinha mais as unhas curtas, quase como o Zé do Caixão, ela tinha as unhas compridas demais para alguém que era muito higiênica!
Aurora continuava chorando porque parecia que o vazio de fora roubava tudo que o vazio de dentro tinha... Ela ia continuar sozinha, pois nem as lágrimas não a aguentavam mais! Fazia tempo que não sorria, era quase sempre que desistia, era todo o dia que corria contra o tempo. Porque Aurora ainda tinha alguns afazeres, trabalhava pelas tardes e quase sempre se atrasava. Pelo menos Aurora aprendeu a correr como ninguém. E corria, no entanto, não tinha os sapatos adequados. Quando de salto alto, corria na rua de pé descalço. Era a maior aventura que atualmente poderia ter!
Aurora numa dessas, pisou numa pedra, lembrou-se da voz dura do telefone! Decidiu voltar pra casa de salto mesmo. Entrou no quarto e ligou a porcaria do telefone. Ligou porque já não aguentava mais ouvir voz nenhuma: ela queria mesmo, agora, até a voz dura. Foda-se a voz macia, disse ela. Foda-se esse gogó gigante que eu já nem vejo mais. Eu vou ligar. Vou ligar de vez o telefone, afirmou ela, para poder dizer um adeus com a voz mais grossa, dura e firme que Aurora já teve.
Aurora ligou, finalmente, o telefone. E não para esperar que saíssem coisas especiais lá de dentro. Ela ligou para expulsar uma coisa muito especial. Um adeus que não é especial, não é adeus, é um tchau. Ela tremeu ao discar os números, ela suou ao ouvir o barulho da chamada, ela quase chorou quando a voz rígida atravessou como chuva de granizo. Ela engoliu a porcaria da chuva toda e disse Olá. Um olá quase tremulo, mas que logo se recupera.
Aurora conseguiu dizer adeus e então não precisou mais deixar o telefone desligado. Aurora conseguiu dizer adeus e por isso pode dizer muitos mais olás. Aurora cortou as unhas, tirou a cor brega e descascada do esmalte. Aurora pôs novamente seus tênis e parou de andar de salto. Aurora reencontrou os seus amigos, e percebeu que aqueles outros não eram mesmo pessoas que gostavam de poesia e música boa.
Aurora foi de novo Aurora. Aurora, de cabelos cacheados, não mais vazia, mas nem muito cheia! Porque não estar completamente cheio faz parte da vida e estar completamente cheio é impossível. Estar vazio acontece, o problema é quando dura muito tempo.
Aurora já não sabia mais ser ela mesma. Olhava para os lados, lia livros, visitava amigos que não eram os dela. Visitava amigos dos outros. E os dela, onde estavam? Aurora já não conseguia mais reconhecer seus cachos morenos no espelho! Aurora agora tinha o cabelo rosa. Aurora já não tinha mais as unhas curtas, quase como o Zé do Caixão, ela tinha as unhas compridas demais para alguém que era muito higiênica!
Aurora continuava chorando porque parecia que o vazio de fora roubava tudo que o vazio de dentro tinha... Ela ia continuar sozinha, pois nem as lágrimas não a aguentavam mais! Fazia tempo que não sorria, era quase sempre que desistia, era todo o dia que corria contra o tempo. Porque Aurora ainda tinha alguns afazeres, trabalhava pelas tardes e quase sempre se atrasava. Pelo menos Aurora aprendeu a correr como ninguém. E corria, no entanto, não tinha os sapatos adequados. Quando de salto alto, corria na rua de pé descalço. Era a maior aventura que atualmente poderia ter!
Aurora numa dessas, pisou numa pedra, lembrou-se da voz dura do telefone! Decidiu voltar pra casa de salto mesmo. Entrou no quarto e ligou a porcaria do telefone. Ligou porque já não aguentava mais ouvir voz nenhuma: ela queria mesmo, agora, até a voz dura. Foda-se a voz macia, disse ela. Foda-se esse gogó gigante que eu já nem vejo mais. Eu vou ligar. Vou ligar de vez o telefone, afirmou ela, para poder dizer um adeus com a voz mais grossa, dura e firme que Aurora já teve.
Aurora ligou, finalmente, o telefone. E não para esperar que saíssem coisas especiais lá de dentro. Ela ligou para expulsar uma coisa muito especial. Um adeus que não é especial, não é adeus, é um tchau. Ela tremeu ao discar os números, ela suou ao ouvir o barulho da chamada, ela quase chorou quando a voz rígida atravessou como chuva de granizo. Ela engoliu a porcaria da chuva toda e disse Olá. Um olá quase tremulo, mas que logo se recupera.
Aurora conseguiu dizer adeus e então não precisou mais deixar o telefone desligado. Aurora conseguiu dizer adeus e por isso pode dizer muitos mais olás. Aurora cortou as unhas, tirou a cor brega e descascada do esmalte. Aurora pôs novamente seus tênis e parou de andar de salto. Aurora reencontrou os seus amigos, e percebeu que aqueles outros não eram mesmo pessoas que gostavam de poesia e música boa.
Aurora foi de novo Aurora. Aurora, de cabelos cacheados, não mais vazia, mas nem muito cheia! Porque não estar completamente cheio faz parte da vida e estar completamente cheio é impossível. Estar vazio acontece, o problema é quando dura muito tempo.
sábado, 10 de dezembro de 2011
Simples verdade
É tão difícil lidar com o amor,
apenas porque nós, sempre,
sem exceção,
fazemos esperando algo em troca.
apenas porque nós, sempre,
sem exceção,
fazemos esperando algo em troca.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Frases
Eu sempre me preocupei em definir o que o amor faz com a gente, mas nunca tentei definir o que a gente faz com o amor.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Tempo x Vento
Um livro de poemas,
por mais grosso que seja,
nunca pesa.
Ele é feito de ar.
Ar que toma conta dos pulmões,
e te faz suspirar letras tranquilas!
Tranquilas como a cabeça de vento do autor...
Um poeta tem a arte de perder tudo no tempo!
por mais grosso que seja,
nunca pesa.
Ele é feito de ar.
Ar que toma conta dos pulmões,
e te faz suspirar letras tranquilas!
Tranquilas como a cabeça de vento do autor...
Um poeta tem a arte de perder tudo no tempo!
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