sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Comparações

Vinte e oito de junho de dois mil e nove:

É como se dentro de mim pingasse dor.
E essa dor fosse caindo gota por gota pelo meu peito...
Escorrendo por dentro.
Pinga, pinga, pinga...
Não seca. Não evapora. Não sai do lugar, não se mexe.
Fica ali.
Pingando, pingando...
Ouço tristeza no barulho.
Barulho no meio do vazio, da escuridão. Barulho molhado.
Não é água.
São pingos daquele sentimento ruim. Daquela coisa que tranca na
garganta, que nos deixa precisando falar, mas nos obriga a calar.
E tranca lá dentro.
E continua pingando, e doendo. E doendo. Um pingo dolorido a cada palavra não dita.
E vai me corroendo. Vai me enfraquecendo.
Eu tento chorar, e não consigo.
Eu choro dentro de mim.
As únicas lágrimas que escorrem são dentro de mim.
E elas vão escorrendo, enquanto formam aquela poça, aquela poça de dor.
Poça de dor que dói, muito mais do que uma dor física.
A poça já se tornou um poço de dor.


Vinte e nove de outubro de 2010:

Faz tempo que não sinto o poço de dor.
A dor já transbordou do poço,
E saiu por aí.
Não se tranca mais no poço,
Ela quer ver coisas novas.
A dor até esquece de doer,
Está ali, vivinha,
mas livre!
Liberdade – até a dor precisa disso!
Ser livre! Para quando vem,
Poder sair.

Nenhum comentário: