Eu já me acostumei a conviver com a umidade.
Eu escrevo, leio, vivo na chuva.
Mesmo que seja o mais belo dia de sol.
Pra mim ele é cinza.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
O abraço que empurra
Eu passo o dia feito um gato, cavando. Cavando pra cagar, tapando pra esconder. Desculpa a comparação, mas isso me soou bem comparado às merdas que eu faço dia após dia.
Eu também tento cavar pra encontrar alguma coisa nos teus olhos, pra tentar abrir, ajeitar lá dentro, vê se tu volta a enxergar direito. Eu tento me debater, tento dançar, tento girar, rodopiar, onde eu estiver e onde tua vista alcançar. Mas nada adianta. Os olhos não reagem mais, e a cabeça só faz um gesto negativo com um sorriso amarelo na boca.
Se eu pudesse abrir teu cérebro, apagar a memória, voltar uns meses atrás... Se eu pudesse qualquer coisa, eu te fecharia dentro de mim, eu me fecharia dentro de ti e nada mais podia ser aberto. Se eu pudesse qualquer coisa... eu escolheria sofrer quietinha por te amar tanto, mas poder te amar e depois de sofrer quando não dá pra te ver, ser a pessoa mais feliz do mundo quando dá pra ver os teus olhos e os teus cílios curvos. E pretos. O mundo precisa da luz dos teus olhos pretos pra não ser tão escuro.
Eu passo o dia tentando me enfiar embaixo dos teus braços e a noite pensando se eu vou ter coragem de fazer isso. Eu passo a noite planejando ser mais grossa amanhã, ser mais dura, mais orgulhosa, mas eu nunca senti isso antes, nunca me descontrolei tanto antes: as palavras nunca são as mesmas do ensaio, e o abraço sempre vem, mesmo quando eu digo que não vou encostar. É impossível não encostar na tua pele de papel pardo. Papel pardo, mas macio.
Eu fico o tempo todo tentando cavar um abraço, que nunca surge de ti. Um abraço que, se der, eu conquisto, com esforço. Todo o meu maior orgulho do mundo se vai por um ralo que abre no meio do lugar onde eu estiver. Todo o meu orgulho se transforma na vontade de estar encaixada no teu corpo que uma vez já quis se encaixar também. Eu não sei o que sobrou pra ti, mas pra mim sobrou tudo. Sobrou cada coisa e cada não coisa. Sobrou o que aconteceu e o que não aconteceu. Acho que eu tratei de guardar até as tuas lembranças.
Eu fico o dia desnorteada pra tentar fazer alguma coisa que eu nem sei qual é, tem algo pulando dentro de mim esperando alguma coisa. Mas nada acontece. E o abraço?
Quando a gente se abraça... Quando a gente vai se abraçar, eu penso “Ufa!”. Mas a agonia não para por aí: alguma coisa nesse abraço me empurra pra tão longe...
Um longe quase impossível de voltar a ser perto, e já foi tão perto...
Eu também tento cavar pra encontrar alguma coisa nos teus olhos, pra tentar abrir, ajeitar lá dentro, vê se tu volta a enxergar direito. Eu tento me debater, tento dançar, tento girar, rodopiar, onde eu estiver e onde tua vista alcançar. Mas nada adianta. Os olhos não reagem mais, e a cabeça só faz um gesto negativo com um sorriso amarelo na boca.
Se eu pudesse abrir teu cérebro, apagar a memória, voltar uns meses atrás... Se eu pudesse qualquer coisa, eu te fecharia dentro de mim, eu me fecharia dentro de ti e nada mais podia ser aberto. Se eu pudesse qualquer coisa... eu escolheria sofrer quietinha por te amar tanto, mas poder te amar e depois de sofrer quando não dá pra te ver, ser a pessoa mais feliz do mundo quando dá pra ver os teus olhos e os teus cílios curvos. E pretos. O mundo precisa da luz dos teus olhos pretos pra não ser tão escuro.
Eu passo o dia tentando me enfiar embaixo dos teus braços e a noite pensando se eu vou ter coragem de fazer isso. Eu passo a noite planejando ser mais grossa amanhã, ser mais dura, mais orgulhosa, mas eu nunca senti isso antes, nunca me descontrolei tanto antes: as palavras nunca são as mesmas do ensaio, e o abraço sempre vem, mesmo quando eu digo que não vou encostar. É impossível não encostar na tua pele de papel pardo. Papel pardo, mas macio.
Eu fico o tempo todo tentando cavar um abraço, que nunca surge de ti. Um abraço que, se der, eu conquisto, com esforço. Todo o meu maior orgulho do mundo se vai por um ralo que abre no meio do lugar onde eu estiver. Todo o meu orgulho se transforma na vontade de estar encaixada no teu corpo que uma vez já quis se encaixar também. Eu não sei o que sobrou pra ti, mas pra mim sobrou tudo. Sobrou cada coisa e cada não coisa. Sobrou o que aconteceu e o que não aconteceu. Acho que eu tratei de guardar até as tuas lembranças.
Eu fico o dia desnorteada pra tentar fazer alguma coisa que eu nem sei qual é, tem algo pulando dentro de mim esperando alguma coisa. Mas nada acontece. E o abraço?
Quando a gente se abraça... Quando a gente vai se abraçar, eu penso “Ufa!”. Mas a agonia não para por aí: alguma coisa nesse abraço me empurra pra tão longe...
Um longe quase impossível de voltar a ser perto, e já foi tão perto...
domingo, 14 de novembro de 2010
sábado, 13 de novembro de 2010
Outro texto, vou me arrepender.
Eu gosto de escrever sobre a saudade que eu sinto. É um jeito de fazer essa saudade ser produtiva, já que eu nunca vou matá-la mesmo. Escrever sobre a saudade imensa que toma toda a minha alma faz com que eu torne isso tudo mais bonito: dou um brilho no sofrer. Torno o que eu sinto em algo mágico, algo supervalorizado. Mas na realidade não é: é uma saudade que todo mundo sente, que todo mundo chora, que todo mundo vive morrendo.
Tu não vai te comover com a minha saudade, por isso eu mesma me deleito com esse buraco que abre aos pouquinhos no meu peito. E fico pensando, imaginando, me torturando ao sonhar com o dia em que a saudade morra, se enterre, e tudo fique bem.
Essa saudadezinha que cozinha aqui dentro, solta um gostinho de sofrer que chega até a ser bom: eu sempre viajando, dizendo que sofrer é bom. E não é?
Eu gosto de sofrer de vez em quando... Pra depois, no futuro, comparar, ver como eu fui forte! Ver como eu amadureci! Ver como eu fiquei bem.
Mas na realidade, agora, eu quero mais é curtir minha saudade... A saudade que, pelo amor de Deus, eu preciso matar.
E depois do fim do texto, vem o desespero.
Tu não vai te comover com a minha saudade, por isso eu mesma me deleito com esse buraco que abre aos pouquinhos no meu peito. E fico pensando, imaginando, me torturando ao sonhar com o dia em que a saudade morra, se enterre, e tudo fique bem.
Essa saudadezinha que cozinha aqui dentro, solta um gostinho de sofrer que chega até a ser bom: eu sempre viajando, dizendo que sofrer é bom. E não é?
Eu gosto de sofrer de vez em quando... Pra depois, no futuro, comparar, ver como eu fui forte! Ver como eu amadureci! Ver como eu fiquei bem.
Mas na realidade, agora, eu quero mais é curtir minha saudade... A saudade que, pelo amor de Deus, eu preciso matar.
E depois do fim do texto, vem o desespero.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Agora foi!
E eu fiz essa porcaria.
E ainda mostrei para os outros.
A minha cabeça e meu coração são altamente ligados. Mas, às vezes, um desliga o outro quando um sente demais e o outro pensa de menos. Às vezes, é a cabeça que pensa demais e o coração sente demais e aí tudo é demais e aí quem chora são os olhos. Choram lágrimas de faíscas de um curto que deu ali dentro. Um curto interior que não agüenta o que vem de fora, ou o que acaba não vindo.
A gente sempre faz algo esperando em troca, porque é ser otário fazer algo por alguém sem ser gratificado. E quem é o idiota que faz algo sem querer ser gratificado. Dar por dar, é difícil. Dar amor por dar amor, sem saber se vai receber, acontece, mas dói. Porque ninguém foi feito pra se foder sozinho. Ninguém foi feito pra ceder, ceder, e nunca ser compensado.
Pensar no que se sente... Só sentir não adianta. Sentir sem saber que se sente não tem lógica. Sentir não existe, se a gente não souber que está sentindo. Por isso que amar com a cabeça existe sim. Amar com a cabeça é saber amar: saber que se ama. Só se sente se a cabeça avisar “você está amando.”. Se não tiver cabeça, você está amando, mas você não sabe, ninguém nunca te contou. Nunca te avisaram. Não tem graça.
Sentir pode não ser mais tão bonito quando se descobre que não ultrapassa todas as barreiras. O sentimento passa por uma seleção bem rigorosa da nossa cabecinha.
Quando você se apaixona a primeira vista, quem te avisa são os olhos, e onde eles estão? Na cabeça. Você ouve a voz bonita, e onde estão as orelhas? E a boca, que você tanto beija? E aquele cheiro que em vez de cheirar, você respira, é o coração que sente o cheiro?
O coração dá umas fisgadas de vez em quando e olhe lá! Aperta um pouco, mas logo afrouxa! Dói, mas nada que doa tanto assim! Nem é tão importante assim... O coração só é o responsável por aquelas ondas daquele negócio que vem não sei da onde, que parece que vão sair pela boca. O coração bate rápido demais quando eu vejo ele, e suspeito que seja o coração que faz minhas mãos suarem e depois ficarem geladas. Aquele nó na garganta que tanto falam, deve surgir de algum lugar.
Eu não sei mais como descrever, mas minha cabeça e meu coração são muito ligados. Aliás, o meu corpo inteiro se atiça e se liga quando o assunto é o teu. O meu corpo inteiro dança e libera ondas dessa coisa que arde, que faz cócegas dentro da gente. O meu corpo sabe quando ele deve ficar fervendo só de pensar em ti, e sabe também quando deve dar aquela fisgada, quando eu descubro uma coisa desagradável.
Os meus olhos não vêem o sentimento que entra e sai dentro de mim, eles não vêem a cor desse negócio que parece sair da minha boca. Só que meus olhos vêem como tudo é mais bonito e mais colorido quando a cabeça se liga ao coração e a todo o resto do corpo. Meus olhos vêem a paisagem diferente quando o corpo inteiro se empenha, naturalmente, para que o amor faça tudo ficar mais colorido.
Eu te amo com a ligação completa. O coração que avisa, a cabeça que sente, o pé que houve, o nariz que fala. Eu te amo com o corpo inteiro. Eu te amo mesmo que eu não saiba distinguir o que faz o que, porque é um sentimento tão grande, que só rege a mesma coisa. Rege um todo que só quer te amar.
Como esse texto: as palavras vêm soltas, tomando seu lugar. É a cabeça com o coração que tentam explicar o que ambos combinam tanto pra sentir e entender.
E ainda mostrei para os outros.
A minha cabeça e meu coração são altamente ligados. Mas, às vezes, um desliga o outro quando um sente demais e o outro pensa de menos. Às vezes, é a cabeça que pensa demais e o coração sente demais e aí tudo é demais e aí quem chora são os olhos. Choram lágrimas de faíscas de um curto que deu ali dentro. Um curto interior que não agüenta o que vem de fora, ou o que acaba não vindo.
A gente sempre faz algo esperando em troca, porque é ser otário fazer algo por alguém sem ser gratificado. E quem é o idiota que faz algo sem querer ser gratificado. Dar por dar, é difícil. Dar amor por dar amor, sem saber se vai receber, acontece, mas dói. Porque ninguém foi feito pra se foder sozinho. Ninguém foi feito pra ceder, ceder, e nunca ser compensado.
Pensar no que se sente... Só sentir não adianta. Sentir sem saber que se sente não tem lógica. Sentir não existe, se a gente não souber que está sentindo. Por isso que amar com a cabeça existe sim. Amar com a cabeça é saber amar: saber que se ama. Só se sente se a cabeça avisar “você está amando.”. Se não tiver cabeça, você está amando, mas você não sabe, ninguém nunca te contou. Nunca te avisaram. Não tem graça.
Sentir pode não ser mais tão bonito quando se descobre que não ultrapassa todas as barreiras. O sentimento passa por uma seleção bem rigorosa da nossa cabecinha.
Quando você se apaixona a primeira vista, quem te avisa são os olhos, e onde eles estão? Na cabeça. Você ouve a voz bonita, e onde estão as orelhas? E a boca, que você tanto beija? E aquele cheiro que em vez de cheirar, você respira, é o coração que sente o cheiro?
O coração dá umas fisgadas de vez em quando e olhe lá! Aperta um pouco, mas logo afrouxa! Dói, mas nada que doa tanto assim! Nem é tão importante assim... O coração só é o responsável por aquelas ondas daquele negócio que vem não sei da onde, que parece que vão sair pela boca. O coração bate rápido demais quando eu vejo ele, e suspeito que seja o coração que faz minhas mãos suarem e depois ficarem geladas. Aquele nó na garganta que tanto falam, deve surgir de algum lugar.
Eu não sei mais como descrever, mas minha cabeça e meu coração são muito ligados. Aliás, o meu corpo inteiro se atiça e se liga quando o assunto é o teu. O meu corpo inteiro dança e libera ondas dessa coisa que arde, que faz cócegas dentro da gente. O meu corpo sabe quando ele deve ficar fervendo só de pensar em ti, e sabe também quando deve dar aquela fisgada, quando eu descubro uma coisa desagradável.
Os meus olhos não vêem o sentimento que entra e sai dentro de mim, eles não vêem a cor desse negócio que parece sair da minha boca. Só que meus olhos vêem como tudo é mais bonito e mais colorido quando a cabeça se liga ao coração e a todo o resto do corpo. Meus olhos vêem a paisagem diferente quando o corpo inteiro se empenha, naturalmente, para que o amor faça tudo ficar mais colorido.
Eu te amo com a ligação completa. O coração que avisa, a cabeça que sente, o pé que houve, o nariz que fala. Eu te amo com o corpo inteiro. Eu te amo mesmo que eu não saiba distinguir o que faz o que, porque é um sentimento tão grande, que só rege a mesma coisa. Rege um todo que só quer te amar.
Como esse texto: as palavras vêm soltas, tomando seu lugar. É a cabeça com o coração que tentam explicar o que ambos combinam tanto pra sentir e entender.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
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