Passei o dia transbordando suspiros.
Suspiros que arrancam,
Qualquer coisa lá do peito!
E trazem pra fora,
O que eu quero tanto chorar,
Mas não consigo!
sábado, 31 de julho de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Sentimento!
Pessoas se movem,
Por sentirem as mesmas coisas,
Só um pouco diferentes!
Escrever é mostrar o que eu sinto,
E fazer lembrar do que você sente,
Mesmo que não seja exatamente igual.
Por sentirem as mesmas coisas,
Só um pouco diferentes!
Escrever é mostrar o que eu sinto,
E fazer lembrar do que você sente,
Mesmo que não seja exatamente igual.
Cuidado!
Ele é perigoso,
Só porque o reconheci como perigo.
Não seria,
Se eu nem sequer tivesse o visto.
Mas eu vi,
E isso me faz querer ver mais.
E reconhecer
O quão perigoso é não ter,
O que é para nós perigo,
Mas tentador.
Só porque o reconheci como perigo.
Não seria,
Se eu nem sequer tivesse o visto.
Mas eu vi,
E isso me faz querer ver mais.
E reconhecer
O quão perigoso é não ter,
O que é para nós perigo,
Mas tentador.
Doce com dois S
Ao meu fiel leitor do querido blog, Dosse. Só porque pediu... Nem gosto tanto de futebol... ahdpoaidopasidopisopd beeeeeijos. Tá aí ó chato!
O mundo é redondo.
Alguns explicam isso,
Com o futebol!
Mostram isso,
Doam suor por isso,
Doam lágrimas e sorrisos!
O mundo também é doce.
Pode ser até salgado!
Alguns entendem isso,
Com o futebol!
Que deixa gosto doce num grito de gol,
E um gosto salgado em lágrima de derrota.
O mundo é redondo.
Alguns explicam isso,
Com o futebol!
Mostram isso,
Doam suor por isso,
Doam lágrimas e sorrisos!
O mundo também é doce.
Pode ser até salgado!
Alguns entendem isso,
Com o futebol!
Que deixa gosto doce num grito de gol,
E um gosto salgado em lágrima de derrota.
Rolei em palavras, mas eu só vejo uma
Era roller,
Rotular, e até rota.
Li outra coisa, vi outra coisa.
Minha vida tá torta.
Era reta, mas eu não li isso.
Rotular, e até rota.
Li outra coisa, vi outra coisa.
Minha vida tá torta.
Era reta, mas eu não li isso.
Pelos teus brancos dentes
Um ser.
Ele pode
Ter tudo pra ser tudo.
Mas se o sorriso dele não nos toca,
Ele acaba tendo tudo e sendo nada.
Ele pode
Ter tudo pra ser tudo.
Mas se o sorriso dele não nos toca,
Ele acaba tendo tudo e sendo nada.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Julho
Dia úmido
Faz até os corações mais secos,
Pingarem feito conta gotas.
Pingam de tristeza.
Uma tristeza úmida que,
Aos poucos,
Vai virando limo
Em cada parede de um coração vazio.
Faz até os corações mais secos,
Pingarem feito conta gotas.
Pingam de tristeza.
Uma tristeza úmida que,
Aos poucos,
Vai virando limo
Em cada parede de um coração vazio.
sábado, 17 de julho de 2010
Lendo na Chuva
Só para ver,
O que outros olhos querem mostrar!
Ler é pegar olhos emprestados,
E ver coisas que não conseguia olhar!
O que outros olhos querem mostrar!
Ler é pegar olhos emprestados,
E ver coisas que não conseguia olhar!
O meu próprio gelo
Eu entrei no meu quarto e era frio. Não só o frio da chuva, não só o frio das vidraças abertas. Era o frio de uma roupa suja jogada no chão, e pior, de uma roupa limpa jogada ali também. Era o frio de uma janela em que eram abertas, às vezes, as vidraças, mas não as venezianas. Mas não era sempre assim, nunca foi assim. De uns tempos pra cá eu não conseguia mais lutar contra o frio que deixava o quarto cada vez mais escuro, mesmo com a luz do abajur e a luz do teto.
O frio também se dava graças às fotos que já não poderiam mais ser admiradas e lembradas. As fotos que traziam traição, pena, tristeza, dor e saudade. Mas uma saudade ruim de coisa que não volta, nem pode voltar. Não uma saudade de coisa que vai se matando com o tempo. Saudade de coisa que mata a gente com o tempo.
A cama também, com uma cara de lugar vazio que deixou saudade. Não porque era muito espaçosa, pois não era. Era porque ela tem espaço de pouco, mas que já coube tanto amor e tanto espaço no meio de dois corpos encolhidos naquele metro de largura.
O espelho talvez deixasse entrar um gelado mais doído e agudo do que o das frestas das vidraças, um gelado que me mostrava e que mostrava a mim o que eu sabia que era errado. Eu sabia que era errado jogar a roupa limpa no chão, eu sabia que era errado cultivar fotos de pessoas amargas como um chimarrão quente que eu nunca tive costume de tomar, apesar de ver todos tomando. Errado também era cultivar copos e copos de água que faltavam na cozinha e que entulhavam meu bidê. Eu sabia que no fundo daqueles copos d’água que não eram tão fundos, eu podia encontrar um resto não de água comum, mas de noites em claro regadas à copos de água que tentavam saciar a sede. E assim foi que eu descobri que a água que tem melhor gosto é a água de banheiro, sem gelo, nada de mineral e bastante simples e barata. Aquela água que preenchia um copo, daqueles de requeijão, em uma noite cheia de sal, cheia de sede. A melhor água é aquela água que a gente põe ao lado no bidê e fica tranqüilo ao pensar que não vai precisar levantar-se caso sentir sede. Água de banheiro: simples, pura e inteira.
No meu quarto eu encontrava várias coisas que refletiam várias partes da minha vida que, ainda curta, tivera momentos bastante emocionantes. Pobre de quem subestima a vida de um jovem, pobre de quem acha que viver bem é viver muito, viver direito é sobreviver até ser velho. Pobre de quem acha que a vida tem que ser gasta até o final, mas que pra isso não se pode gastá-la muito.
Então, no meu quarto, eu encontrava pedaços de papel com pedaços ou inteiros de Quintana. Eu encontrava restos de idéias que eu tinha tido no banho, mas que a água acabou por levá-las pelo ralo. Idéias que a gente repete durante o banho inteiro para não esquecer. No fim, era freqüente que eu comesse algumas palavras ao escrever.
Presentes de pessoas que não me dariam mais, e cartas de pessoas que não me escreveriam mais e também não escreveram. Fotos de pessoas que hoje já não podem mais tirar fotos e também não podem mais ser fotografadas. Fotos de sorrisos que hoje choram, mas como se faz chorar um sorriso? Fotos de sorrisos que não existem mais, e que, aos poucos, tornaram-se lágrimas.
Um travesseiro que afunda a cabeça até quase não mais fazer efeito. Um travesseiro que deixa o peso não só daquela imensa caixa que abriga um cérebro, mas de uma bola, redonda, grande e orelhuda, cheia de idéias, algumas frustradas, cair na mesma linha do colchão. Um travesseiro mole, para apoiar a cabeça que, durante o dia, só escuta, enxerga e fala coisas duras.
De vez em quando alguém entra lá. Contra minha vontade porque dar satisfação sobre quatro paredes e um banheiro, não é lá minha coisa preferida a se fazer. Muito menos dar satisfação sobre a veneziana não aberta, sobre a foto que eu não deveria admitir estar estampada em meu espelho e sobre presentes que deveriam estar queimados.
Não tenho santo, santa nem cruz alguma pendurada na minha cama. Nem sei se santo se pendura, mas, eu não tenho algum nem apoiado naquela estante cheia de retratos, cheia de bichos, de copos, de pedras e de pó. Tudo, mas nem um santo. Não porque eu não respeite santos, não porque eu ame o diabo e não porque eu não rezo. Realmente, eu não rezo. Realmente, eu me interesso muito mais pelo vermelho infernal e sanguíneo do que pelo azul bebê que, em minha cabeça, colore Deus. Mas e quem quer saber de minha cabeça? Minha cabeça pesa no travesseiro de pena de ganso que não agüenta, meus olhos vibram muito mais ao ver uma cortina de teatro de veludo vermelha do que ao ver um berço cor de azul bebê. Meus olhos vêem coisas que ninguém vê, mas que também talvez não existam. Assim como minha cabeça pensa o que existe, mas que ninguém algum dia ousou inventar. Porque tudo que é inventado já existia. Só não era reconhecido, não era mostrado, e nem descoberto. O amor já existia e ninguém o inventou. Em minha cabeça sempre correu o pensamento de dúvida: o mesmo amor de quando o descobriram, seria o mesmo amor de agora?
Tudo isso porque meu quarto é frio. Tudo isso porque é inverno e tudo isso porque eu li ontem. Eu queria ler mais, eu queria ver mais e mostrar mais. Mas é difícil saber que para começar a fazer algo, é preciso assumir que nunca se fez.
O meu quarto é frio, minhas mãos são frias e quando me deito meu pé é gelado, mas agora está dormente. Às vezes eu me sinto um iceberg, mas que nem encostou no Titanic. Um iceberg perdido, sozinho e fixado no fundo do mar gelado. Um mar gelado que vai entrando pela porta e venezianas do meu quarto. Eu tenho medo de ser o próprio gelo do qual eu fujo.
O frio também se dava graças às fotos que já não poderiam mais ser admiradas e lembradas. As fotos que traziam traição, pena, tristeza, dor e saudade. Mas uma saudade ruim de coisa que não volta, nem pode voltar. Não uma saudade de coisa que vai se matando com o tempo. Saudade de coisa que mata a gente com o tempo.
A cama também, com uma cara de lugar vazio que deixou saudade. Não porque era muito espaçosa, pois não era. Era porque ela tem espaço de pouco, mas que já coube tanto amor e tanto espaço no meio de dois corpos encolhidos naquele metro de largura.
O espelho talvez deixasse entrar um gelado mais doído e agudo do que o das frestas das vidraças, um gelado que me mostrava e que mostrava a mim o que eu sabia que era errado. Eu sabia que era errado jogar a roupa limpa no chão, eu sabia que era errado cultivar fotos de pessoas amargas como um chimarrão quente que eu nunca tive costume de tomar, apesar de ver todos tomando. Errado também era cultivar copos e copos de água que faltavam na cozinha e que entulhavam meu bidê. Eu sabia que no fundo daqueles copos d’água que não eram tão fundos, eu podia encontrar um resto não de água comum, mas de noites em claro regadas à copos de água que tentavam saciar a sede. E assim foi que eu descobri que a água que tem melhor gosto é a água de banheiro, sem gelo, nada de mineral e bastante simples e barata. Aquela água que preenchia um copo, daqueles de requeijão, em uma noite cheia de sal, cheia de sede. A melhor água é aquela água que a gente põe ao lado no bidê e fica tranqüilo ao pensar que não vai precisar levantar-se caso sentir sede. Água de banheiro: simples, pura e inteira.
No meu quarto eu encontrava várias coisas que refletiam várias partes da minha vida que, ainda curta, tivera momentos bastante emocionantes. Pobre de quem subestima a vida de um jovem, pobre de quem acha que viver bem é viver muito, viver direito é sobreviver até ser velho. Pobre de quem acha que a vida tem que ser gasta até o final, mas que pra isso não se pode gastá-la muito.
Então, no meu quarto, eu encontrava pedaços de papel com pedaços ou inteiros de Quintana. Eu encontrava restos de idéias que eu tinha tido no banho, mas que a água acabou por levá-las pelo ralo. Idéias que a gente repete durante o banho inteiro para não esquecer. No fim, era freqüente que eu comesse algumas palavras ao escrever.
Presentes de pessoas que não me dariam mais, e cartas de pessoas que não me escreveriam mais e também não escreveram. Fotos de pessoas que hoje já não podem mais tirar fotos e também não podem mais ser fotografadas. Fotos de sorrisos que hoje choram, mas como se faz chorar um sorriso? Fotos de sorrisos que não existem mais, e que, aos poucos, tornaram-se lágrimas.
Um travesseiro que afunda a cabeça até quase não mais fazer efeito. Um travesseiro que deixa o peso não só daquela imensa caixa que abriga um cérebro, mas de uma bola, redonda, grande e orelhuda, cheia de idéias, algumas frustradas, cair na mesma linha do colchão. Um travesseiro mole, para apoiar a cabeça que, durante o dia, só escuta, enxerga e fala coisas duras.
De vez em quando alguém entra lá. Contra minha vontade porque dar satisfação sobre quatro paredes e um banheiro, não é lá minha coisa preferida a se fazer. Muito menos dar satisfação sobre a veneziana não aberta, sobre a foto que eu não deveria admitir estar estampada em meu espelho e sobre presentes que deveriam estar queimados.
Não tenho santo, santa nem cruz alguma pendurada na minha cama. Nem sei se santo se pendura, mas, eu não tenho algum nem apoiado naquela estante cheia de retratos, cheia de bichos, de copos, de pedras e de pó. Tudo, mas nem um santo. Não porque eu não respeite santos, não porque eu ame o diabo e não porque eu não rezo. Realmente, eu não rezo. Realmente, eu me interesso muito mais pelo vermelho infernal e sanguíneo do que pelo azul bebê que, em minha cabeça, colore Deus. Mas e quem quer saber de minha cabeça? Minha cabeça pesa no travesseiro de pena de ganso que não agüenta, meus olhos vibram muito mais ao ver uma cortina de teatro de veludo vermelha do que ao ver um berço cor de azul bebê. Meus olhos vêem coisas que ninguém vê, mas que também talvez não existam. Assim como minha cabeça pensa o que existe, mas que ninguém algum dia ousou inventar. Porque tudo que é inventado já existia. Só não era reconhecido, não era mostrado, e nem descoberto. O amor já existia e ninguém o inventou. Em minha cabeça sempre correu o pensamento de dúvida: o mesmo amor de quando o descobriram, seria o mesmo amor de agora?
Tudo isso porque meu quarto é frio. Tudo isso porque é inverno e tudo isso porque eu li ontem. Eu queria ler mais, eu queria ver mais e mostrar mais. Mas é difícil saber que para começar a fazer algo, é preciso assumir que nunca se fez.
O meu quarto é frio, minhas mãos são frias e quando me deito meu pé é gelado, mas agora está dormente. Às vezes eu me sinto um iceberg, mas que nem encostou no Titanic. Um iceberg perdido, sozinho e fixado no fundo do mar gelado. Um mar gelado que vai entrando pela porta e venezianas do meu quarto. Eu tenho medo de ser o próprio gelo do qual eu fujo.
Uma vida preto e branco
Ele tinha vida, como de quem não cochilava. Os olhos eram cinzas, e as olheiras bem azuis. O rosto corado, mas a boca branca. Orelhas que viam o que os olhos jamais tinham ouvido.
Ele não tinha vida como a de quem cochilava. Ele tinha preso em si todas as cores. Mas em seus olhos as neutras. O mundo dele era preto, cinza. E muito raramente, quando queria chorar, era branco.
O véu de sua esposa tinha cinzas penduradas, entrelaçadas no meio daquele tule furado, daquele pano que mais tarde serviu para o mosquiteiro dos filhos. Os gêmeos. Nem as suas cores ele via. A menina branca, branca, branca e o menino com escuros cabelos cacheados. Os olhos doces e verdes da esposa jamais pudera ver. Ele tinha é se apaixonado pelos cílios, curvos e bem pretos. Piscavam devagar e com uma calma de acalmar qualquer um, qualquer um que não dormia há anos. Era o contrário de seus olhos que piscavam atormentados, elétricos e ligados, olhos que não fechavam, olhos que nunca viam o escuro do sono.
Ele não dormia porque não podia. Não queria acreditar que o tempo era gasto em tantas horas de sono. Ele as gastava passando um café chumbo, que o mantinha acordado. Às vezes, egoísta, acordava a esposa também. Chamava-a para conversar papos que, com sorte, eram estampados de um poá preto e branco, mas que nunca fugia do neutro.
Ela via pouco, mas ouvia muito. Ouvia as palavras ásperas e escuras como carvão, mas nunca deixara de escutar o marido. Via que seus olhos eram azuis da cor de caneta, aquela caneta que mancha a ponta dos dedos ao escrever. Um azul petróleo quase se rendendo à vida negra daquele homem. Mas ela ouvia. Mesmo assim ouvia todas as suas histórias de pescador que nunca pescou, mas que levava jeito para contar histórias longas. Ele era só um escritor.
Só? Ela não entendia. O marido passava parte das horas escrevendo textos negros em folhas brancas. Textos retos, que talvez não merecessem ser lidos. Talvez escutados, naquelas longas histórias. Ela via pouco, via pouco além de letras e palavras espaçadas. Mas ouvia muito.
Um dia ele caiu. Sem se machucar caiu na cama e afundou a pesada cabeça preta e branca no travesseiro. E sonhou, sonhou, sonhou. Tudo aquilo que ele nunca tinha escrito. Sonhou sonhos loucos, coloridos, intercalados com xícaras de café.
Ela chegou ao quarto. Não pôde acreditar no que via. Nem ele. Páginas e páginas de histórias que ela já havia querido ouvir, páginas brancas, histórias com cores. Histórias em que os tons de cor impediam uma linha reta. Histórias que mereciam ser lidas, ouvidas e contadas.
Ele não agüentou. Não sabia lidar com aquelas cores invadindo os seus olhos. Enfim pudera ver o quão bonita era a filha, ruiva, de olhos azuis e pele branca como neve, não como tudo. O filho, cabelos cacheados loiros e não pretos como o resto. Os olhos da mulher eram verdes e até tiravam a atenção dos cílios.
Ele não agüentou, mas também não teve coragem de se atirar daquela janela tão colorida. Então foi dormir, com esperança de não mais acordar. Dormiu, dormiu, dormiu.
E até hoje, esperam que ele acorde. Acorde e traga as histórias dos sonhos, as histórias que todo mundo quer ouvir, contar e ler. As histórias dos sonhos, tão coloridas, tão sinceras, as mais bonitas. Mas alguns não agüentam sonhar. Alguns não sabem ver.
Ele não tinha vida como a de quem cochilava. Ele tinha preso em si todas as cores. Mas em seus olhos as neutras. O mundo dele era preto, cinza. E muito raramente, quando queria chorar, era branco.
O véu de sua esposa tinha cinzas penduradas, entrelaçadas no meio daquele tule furado, daquele pano que mais tarde serviu para o mosquiteiro dos filhos. Os gêmeos. Nem as suas cores ele via. A menina branca, branca, branca e o menino com escuros cabelos cacheados. Os olhos doces e verdes da esposa jamais pudera ver. Ele tinha é se apaixonado pelos cílios, curvos e bem pretos. Piscavam devagar e com uma calma de acalmar qualquer um, qualquer um que não dormia há anos. Era o contrário de seus olhos que piscavam atormentados, elétricos e ligados, olhos que não fechavam, olhos que nunca viam o escuro do sono.
Ele não dormia porque não podia. Não queria acreditar que o tempo era gasto em tantas horas de sono. Ele as gastava passando um café chumbo, que o mantinha acordado. Às vezes, egoísta, acordava a esposa também. Chamava-a para conversar papos que, com sorte, eram estampados de um poá preto e branco, mas que nunca fugia do neutro.
Ela via pouco, mas ouvia muito. Ouvia as palavras ásperas e escuras como carvão, mas nunca deixara de escutar o marido. Via que seus olhos eram azuis da cor de caneta, aquela caneta que mancha a ponta dos dedos ao escrever. Um azul petróleo quase se rendendo à vida negra daquele homem. Mas ela ouvia. Mesmo assim ouvia todas as suas histórias de pescador que nunca pescou, mas que levava jeito para contar histórias longas. Ele era só um escritor.
Só? Ela não entendia. O marido passava parte das horas escrevendo textos negros em folhas brancas. Textos retos, que talvez não merecessem ser lidos. Talvez escutados, naquelas longas histórias. Ela via pouco, via pouco além de letras e palavras espaçadas. Mas ouvia muito.
Um dia ele caiu. Sem se machucar caiu na cama e afundou a pesada cabeça preta e branca no travesseiro. E sonhou, sonhou, sonhou. Tudo aquilo que ele nunca tinha escrito. Sonhou sonhos loucos, coloridos, intercalados com xícaras de café.
Ela chegou ao quarto. Não pôde acreditar no que via. Nem ele. Páginas e páginas de histórias que ela já havia querido ouvir, páginas brancas, histórias com cores. Histórias em que os tons de cor impediam uma linha reta. Histórias que mereciam ser lidas, ouvidas e contadas.
Ele não agüentou. Não sabia lidar com aquelas cores invadindo os seus olhos. Enfim pudera ver o quão bonita era a filha, ruiva, de olhos azuis e pele branca como neve, não como tudo. O filho, cabelos cacheados loiros e não pretos como o resto. Os olhos da mulher eram verdes e até tiravam a atenção dos cílios.
Ele não agüentou, mas também não teve coragem de se atirar daquela janela tão colorida. Então foi dormir, com esperança de não mais acordar. Dormiu, dormiu, dormiu.
E até hoje, esperam que ele acorde. Acorde e traga as histórias dos sonhos, as histórias que todo mundo quer ouvir, contar e ler. As histórias dos sonhos, tão coloridas, tão sinceras, as mais bonitas. Mas alguns não agüentam sonhar. Alguns não sabem ver.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Marina e o Cavalo de Asas
Revirando uns CDs antigos, achei uma das primeiras redações que eu fiz, com dez anos:
Marina e o Cavalo de Asas
Marina era uma menina calma, gentil carinhosa e tinha muitas outras qualidades. Mas uma das melhores qualidades de Marina é que ela acreditava, acreditava mesmo nos contos de fadas nas fábulas e na magia, ela tinha certeza, certeza que um dia uma princesa iria acordá-la, ou um lobo falante contaria histórias para ela ou um mágico de olhos puxados faria uma magia de verdade, que não fosse truque, mas ela nunca imaginou que iria ver um cavalo de asas.
- Mãe, que bom que acordei, meu despertador quebrou!
- Ótimo, Marina! Agora... Tome seu café. Anda, anda!
-Ta legal mãe, mas...Você viu a Lenita?
-Aquela gata nojenta? Não vi!
-Estranho vou perguntar pro Mauro.
-Seu irmão ainda não acordou, e nem vai acordar tão cedo.
-Mas ele tem escola!
-Só...Que ele está doente, com tosse...Mas não te interessa, vai logo pra aula, vai Marina!
-Tchau mãe, se tiver notícias da minha gatinha me diz.
-Ta bom, tchau!
Marina não podia perder a escola naquele dia, pois a professora Natália iria contar uma história.
-Bom dia professora!
-Bom dia Marina!
-Você foi a primeira a chegar, não gostaria de ir lá no pátio brincar um pouco e esperar seus coleguinhas?
-Não, não quero, prefiro ficar aqui.
-Ta bom.
-O que está fazendo professora Natália? -Ha!Estou escolhendo que história irei contar à vocês, a da Branca de Neve ou a do Pequeno Polegar, você conhece as tais?
-Sim, inclusive já li as duas, mas tenho curiosidade de conhecer a do Cavalo de Asas.
-Que bom que você gosta de ler e ouvir histórias, isso é bom na sua idade.
-E...Marina, eu acho que eu tenho o Cavalo de Asas para ler pra você antes que a aula comece?Quer?
-Claro!
-Era uma vez um cavalo chamado Arisco, e não era um cavalo normal, ele tinha asas...E...Blá blá blá
Quando Marina chegou em casa, subiu as escadas, foi ao seu quarto guardou a mochila, tomou banho, e quando ia colocar o sapato seu irmão gritou.
-Marina vem cá, tem uma mulher na minha janela com um cavalo de asas!!!
-Que?Mauro para de brincar comigo!
-Então vem cá, eu tenho a prova!
Marina foi com um caminhar leve, um suspense!
Ela abriu a porta do quarto de Mauro e...
-A!Meu Deus!Professora Natália, um cavalo de asas!
-É e o nome dele é arisco, quer dar uma volta?
-Claro!
-E o seu irmão não quer vir também?
-Quer Mauro?
-É lógico, espera que eu vou me vestir!
-E eu vou colocar o sapato.
-Ta legal!
E então foram os três viajando pela cidade com aquele cavalo cor creme e asas coloridas, Marina perguntou como a professora Natália tinha conseguido aquilo.
-É só usar a imaginação, quando chegarem em casa imaginem onde querem ir e vocês estarão lá.
Marina estava tão encantada que nem percebeu que estava imaginando tudo aquilo, quando percebeu, achava que podia ser verdade, mas ficou em dúvida, ainda mais quando viu uma pena colorida na sua roupa.
FIM!
Marina e o Cavalo de Asas
Marina era uma menina calma, gentil carinhosa e tinha muitas outras qualidades. Mas uma das melhores qualidades de Marina é que ela acreditava, acreditava mesmo nos contos de fadas nas fábulas e na magia, ela tinha certeza, certeza que um dia uma princesa iria acordá-la, ou um lobo falante contaria histórias para ela ou um mágico de olhos puxados faria uma magia de verdade, que não fosse truque, mas ela nunca imaginou que iria ver um cavalo de asas.
- Mãe, que bom que acordei, meu despertador quebrou!
- Ótimo, Marina! Agora... Tome seu café. Anda, anda!
-Ta legal mãe, mas...Você viu a Lenita?
-Aquela gata nojenta? Não vi!
-Estranho vou perguntar pro Mauro.
-Seu irmão ainda não acordou, e nem vai acordar tão cedo.
-Mas ele tem escola!
-Só...Que ele está doente, com tosse...Mas não te interessa, vai logo pra aula, vai Marina!
-Tchau mãe, se tiver notícias da minha gatinha me diz.
-Ta bom, tchau!
Marina não podia perder a escola naquele dia, pois a professora Natália iria contar uma história.
-Bom dia professora!
-Bom dia Marina!
-Você foi a primeira a chegar, não gostaria de ir lá no pátio brincar um pouco e esperar seus coleguinhas?
-Não, não quero, prefiro ficar aqui.
-Ta bom.
-O que está fazendo professora Natália? -Ha!Estou escolhendo que história irei contar à vocês, a da Branca de Neve ou a do Pequeno Polegar, você conhece as tais?
-Sim, inclusive já li as duas, mas tenho curiosidade de conhecer a do Cavalo de Asas.
-Que bom que você gosta de ler e ouvir histórias, isso é bom na sua idade.
-E...Marina, eu acho que eu tenho o Cavalo de Asas para ler pra você antes que a aula comece?Quer?
-Claro!
-Era uma vez um cavalo chamado Arisco, e não era um cavalo normal, ele tinha asas...E...Blá blá blá
Quando Marina chegou em casa, subiu as escadas, foi ao seu quarto guardou a mochila, tomou banho, e quando ia colocar o sapato seu irmão gritou.
-Marina vem cá, tem uma mulher na minha janela com um cavalo de asas!!!
-Que?Mauro para de brincar comigo!
-Então vem cá, eu tenho a prova!
Marina foi com um caminhar leve, um suspense!
Ela abriu a porta do quarto de Mauro e...
-A!Meu Deus!Professora Natália, um cavalo de asas!
-É e o nome dele é arisco, quer dar uma volta?
-Claro!
-E o seu irmão não quer vir também?
-Quer Mauro?
-É lógico, espera que eu vou me vestir!
-E eu vou colocar o sapato.
-Ta legal!
E então foram os três viajando pela cidade com aquele cavalo cor creme e asas coloridas, Marina perguntou como a professora Natália tinha conseguido aquilo.
-É só usar a imaginação, quando chegarem em casa imaginem onde querem ir e vocês estarão lá.
Marina estava tão encantada que nem percebeu que estava imaginando tudo aquilo, quando percebeu, achava que podia ser verdade, mas ficou em dúvida, ainda mais quando viu uma pena colorida na sua roupa.
FIM!
domingo, 11 de julho de 2010
Sete dias, sete cores
Ele via cores.
Azul, na esquerda e direita,
Em todos os caminhos.
Azul pelos olhos,
Azul era o que falava,
E seu beijo era um céu azul!
Azul, o doce algodão,
Como uma Hortência na subida da serra.
Na quarta-feira era como se visse verde,
Tudo da cor do detergente
Que sua mãe lavava a louça.
Folhas respiravam por ele,
E o vento as levava.
Às vezes, aos domingos,
Não importava a cor que via,
Ele só percebia o dourado.
Dourado dos cabelos de alguém que,
Jamais,
Poderia deixar o mundo tornar-se cinza!
O dourado que ele concebia sem duvidar,
Sem pensar e sem saber.
Os fios de cabelo competiam com os do sol,
Mas quem iluminava lá dentro eram os olhos!
Os olhos da cor que ninguém vê,
Pois há tanta luz,
Ofusca a alma e o peito.
Os dias passavam e aos domingos é que se tinha ar.
Ele não queria mais saber das outras cores,
Quando se podia ter os mais belos fios de ovos!
Dourados como mel,
Doces como amor!
Um dia, chegou,
E ele já não via mais azul,
A quarta não era tão verde,
Mas os dias não eram cinzas!
As cores, diversas, misturadas,
Vieram a aparecer!
O dourado permaneceu,
Todos os dias,
Em uma coisa ou outra.
Talvez num sorriso,
Talvez no sol,
Mas sempre,
Sempre aos domingos,
Com uma força maior!
Uma força com gostinho de mel,
Cor de vitória!
Uma força chamada amor.
Que não tem dia para aparecer
E que dá lugar para tantas outras cores.
Azul, na esquerda e direita,
Em todos os caminhos.
Azul pelos olhos,
Azul era o que falava,
E seu beijo era um céu azul!
Azul, o doce algodão,
Como uma Hortência na subida da serra.
Na quarta-feira era como se visse verde,
Tudo da cor do detergente
Que sua mãe lavava a louça.
Folhas respiravam por ele,
E o vento as levava.
Às vezes, aos domingos,
Não importava a cor que via,
Ele só percebia o dourado.
Dourado dos cabelos de alguém que,
Jamais,
Poderia deixar o mundo tornar-se cinza!
O dourado que ele concebia sem duvidar,
Sem pensar e sem saber.
Os fios de cabelo competiam com os do sol,
Mas quem iluminava lá dentro eram os olhos!
Os olhos da cor que ninguém vê,
Pois há tanta luz,
Ofusca a alma e o peito.
Os dias passavam e aos domingos é que se tinha ar.
Ele não queria mais saber das outras cores,
Quando se podia ter os mais belos fios de ovos!
Dourados como mel,
Doces como amor!
Um dia, chegou,
E ele já não via mais azul,
A quarta não era tão verde,
Mas os dias não eram cinzas!
As cores, diversas, misturadas,
Vieram a aparecer!
O dourado permaneceu,
Todos os dias,
Em uma coisa ou outra.
Talvez num sorriso,
Talvez no sol,
Mas sempre,
Sempre aos domingos,
Com uma força maior!
Uma força com gostinho de mel,
Cor de vitória!
Uma força chamada amor.
Que não tem dia para aparecer
E que dá lugar para tantas outras cores.
Um terço,
De amor que doas,
Todos os dias
À um terço,
Dessas mulheres.
Eu torço por um terço,
Que me leve ao céu,
Que me faça ver e dormir em nuvens.
Eu quero um terço.
É um amor que eu torço,
Desde que te vi,
Para ganhar!
Para me tornar um pouco gente,
Me tornar um pouco assim,
Jogada,
Mas segura,
Seja lá onde for me levar.
Um terço de amor,
Que doa todos os dias,
Para aquelas que nunca pensaram.
Aquelas que nunca pensaram em te amar,
Como eu,
Que também nunca pensei,
Só senti.
De amor que doas,
Todos os dias
À um terço,
Dessas mulheres.
Eu torço por um terço,
Que me leve ao céu,
Que me faça ver e dormir em nuvens.
Eu quero um terço.
É um amor que eu torço,
Desde que te vi,
Para ganhar!
Para me tornar um pouco gente,
Me tornar um pouco assim,
Jogada,
Mas segura,
Seja lá onde for me levar.
Um terço de amor,
Que doa todos os dias,
Para aquelas que nunca pensaram.
Aquelas que nunca pensaram em te amar,
Como eu,
Que também nunca pensei,
Só senti.
A lua,
Como um véu,
Que casa o céu,
Com luz e amor.
E todas as manhãs,
O sol vem consolar,
O que a lua já levou!
Mas se volta toda a noite,
Esse céu iluminado,
Como o branco do teu olho,
Que é assim como papel!
E eu escrevo,
Cada vez que olho dentro dos teus olhos,
Linhas e linhas de amor guardado,
Gravado,
Como se fosse um poema,
Num papel branco,
No fundo do teu olhar.
Como um véu,
Que casa o céu,
Com luz e amor.
E todas as manhãs,
O sol vem consolar,
O que a lua já levou!
Mas se volta toda a noite,
Esse céu iluminado,
Como o branco do teu olho,
Que é assim como papel!
E eu escrevo,
Cada vez que olho dentro dos teus olhos,
Linhas e linhas de amor guardado,
Gravado,
Como se fosse um poema,
Num papel branco,
No fundo do teu olhar.
Contra
Fascinação pelo mundo,
Pelo que se pouco conhece,
E não muito se sabe!
O céu estrelado,
Um escuro iluminado.
Para lembrar,
As doces contradições.
Amor,
Tão contraditório quanto a vida,
Que precisa da morte,
Pra se tornar tão especial.
Assim como correr em círculos,
É tão quadrado como uma rotina redonda,
Onde sorrisos e tristezas,
Não valem mais.
Pelo que se pouco conhece,
E não muito se sabe!
O céu estrelado,
Um escuro iluminado.
Para lembrar,
As doces contradições.
Amor,
Tão contraditório quanto a vida,
Que precisa da morte,
Pra se tornar tão especial.
Assim como correr em círculos,
É tão quadrado como uma rotina redonda,
Onde sorrisos e tristezas,
Não valem mais.
Alvo
Não falo muito, mas eu sei que eu tenho medo. Tenho medo desde o olhar até as possíveis atitudes. É porque eu sei que sou vulnerável e que minha felicidade depende disso. É como se eu estivesse de braços abertos em frente a um homem, com revólver apontado para mim. Só não sei se você é o homem, a bala, ou o revólver. Só não me atinja.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Caos
Os dias passam,
e eu já não espero mais!
Nem o medo vem,
Mas a tristeza vai!
A vida é um caos,
Um dia a gente pensa em um,
e outro dia a gente pensa em outro!
Viver cada dia,
como se fosse a vida inteira!
É complicado,
é correr contra o tempo!
Quer saber?
Correr contra o tempo,
se não ele corre contra a gente!
e eu já não espero mais!
Nem o medo vem,
Mas a tristeza vai!
A vida é um caos,
Um dia a gente pensa em um,
e outro dia a gente pensa em outro!
Viver cada dia,
como se fosse a vida inteira!
É complicado,
é correr contra o tempo!
Quer saber?
Correr contra o tempo,
se não ele corre contra a gente!
Metralhando palavras
Eu conto os passos que dou,
Pra poder voltar,
não esquecer do passado!
Não é tudo calculado,
Mas também não é errado!
Só uma precaução,
pra saber por onde vou!
Um dia chegou,
Eu já não sabia mais,
meu relógio até parou!
O vento levou,
O tempo, nem sei mais!
Passado, presente, futuro,
um mesmo tempo em tudo!
Mesmo assim,
ninguém se respeita mais.
Ou o respeito já foi,
Ou é por ele que ainda estamos a esperar!
Pra poder voltar,
não esquecer do passado!
Não é tudo calculado,
Mas também não é errado!
Só uma precaução,
pra saber por onde vou!
Um dia chegou,
Eu já não sabia mais,
meu relógio até parou!
O vento levou,
O tempo, nem sei mais!
Passado, presente, futuro,
um mesmo tempo em tudo!
Mesmo assim,
ninguém se respeita mais.
Ou o respeito já foi,
Ou é por ele que ainda estamos a esperar!
Das cores
O mundo é tão lindo!
Verde quando quer,
Azul quando ele pode!
Eu vejo as folhas verdes,
Fazendo cócegas no céu!
Eu sorrio!
Se eu quero,
Eu posso!
Enfeitar o meu sorriso,
Das cores que eu quiser!
Cor de planta e cor de céu.
Verde quando quer,
Azul quando ele pode!
Eu vejo as folhas verdes,
Fazendo cócegas no céu!
Eu sorrio!
Se eu quero,
Eu posso!
Enfeitar o meu sorriso,
Das cores que eu quiser!
Cor de planta e cor de céu.
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