quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Pessoas assim como...
Cobras: aquelas que conseguem largar o veneno tão sutilmente, que nos fazem parecermos loucos quando revidamos em nossa defesa. Em caso de escolher não revidar, passamos o resto do dia aguentando o veneno rondando pelo corpo.
Insetos no verão
O cascudo
faz um barulho
como o zíper que fecha,
o que deixam aberto!
O cascudo faz questão
de abrir o verão
e fechar o inverno!
Como irrita
aquele barulho
perambulando no chão!
Assim que se vê,
que tudo na vida,
tem seus contras:
Até mesmo essa quente estação.
(Agora deu de poema, eu vou matar esse cascudo mesmo.)
faz um barulho
como o zíper que fecha,
o que deixam aberto!
O cascudo faz questão
de abrir o verão
e fechar o inverno!
Como irrita
aquele barulho
perambulando no chão!
Assim que se vê,
que tudo na vida,
tem seus contras:
Até mesmo essa quente estação.
(Agora deu de poema, eu vou matar esse cascudo mesmo.)
domingo, 18 de dezembro de 2011
Eu quis que todos os parágrafos começassem assim
Aurora entrou no quarto chorando porque sentia um vazio pesado demais. Essas são as contradições da vida: algumas coisas vazias pesam. Desligou o telefone porque do telefone não saía nada de especial, do telefone saem vozes duras como pedra. Voz macia é a voz em que se vê o gogó mexendo na garganta. Aurora estava chorando para tentar preencher o vazio com as lágrimas, mas tinha uma escolha a fazer: continha as lágrimas dentro dela para preencher o vazio de dentro, ou jogava as lágrimas para fora para preencher o vazio de fora?
Aurora já não sabia mais ser ela mesma. Olhava para os lados, lia livros, visitava amigos que não eram os dela. Visitava amigos dos outros. E os dela, onde estavam? Aurora já não conseguia mais reconhecer seus cachos morenos no espelho! Aurora agora tinha o cabelo rosa. Aurora já não tinha mais as unhas curtas, quase como o Zé do Caixão, ela tinha as unhas compridas demais para alguém que era muito higiênica!
Aurora continuava chorando porque parecia que o vazio de fora roubava tudo que o vazio de dentro tinha... Ela ia continuar sozinha, pois nem as lágrimas não a aguentavam mais! Fazia tempo que não sorria, era quase sempre que desistia, era todo o dia que corria contra o tempo. Porque Aurora ainda tinha alguns afazeres, trabalhava pelas tardes e quase sempre se atrasava. Pelo menos Aurora aprendeu a correr como ninguém. E corria, no entanto, não tinha os sapatos adequados. Quando de salto alto, corria na rua de pé descalço. Era a maior aventura que atualmente poderia ter!
Aurora numa dessas, pisou numa pedra, lembrou-se da voz dura do telefone! Decidiu voltar pra casa de salto mesmo. Entrou no quarto e ligou a porcaria do telefone. Ligou porque já não aguentava mais ouvir voz nenhuma: ela queria mesmo, agora, até a voz dura. Foda-se a voz macia, disse ela. Foda-se esse gogó gigante que eu já nem vejo mais. Eu vou ligar. Vou ligar de vez o telefone, afirmou ela, para poder dizer um adeus com a voz mais grossa, dura e firme que Aurora já teve.
Aurora ligou, finalmente, o telefone. E não para esperar que saíssem coisas especiais lá de dentro. Ela ligou para expulsar uma coisa muito especial. Um adeus que não é especial, não é adeus, é um tchau. Ela tremeu ao discar os números, ela suou ao ouvir o barulho da chamada, ela quase chorou quando a voz rígida atravessou como chuva de granizo. Ela engoliu a porcaria da chuva toda e disse Olá. Um olá quase tremulo, mas que logo se recupera.
Aurora conseguiu dizer adeus e então não precisou mais deixar o telefone desligado. Aurora conseguiu dizer adeus e por isso pode dizer muitos mais olás. Aurora cortou as unhas, tirou a cor brega e descascada do esmalte. Aurora pôs novamente seus tênis e parou de andar de salto. Aurora reencontrou os seus amigos, e percebeu que aqueles outros não eram mesmo pessoas que gostavam de poesia e música boa.
Aurora foi de novo Aurora. Aurora, de cabelos cacheados, não mais vazia, mas nem muito cheia! Porque não estar completamente cheio faz parte da vida e estar completamente cheio é impossível. Estar vazio acontece, o problema é quando dura muito tempo.
Aurora já não sabia mais ser ela mesma. Olhava para os lados, lia livros, visitava amigos que não eram os dela. Visitava amigos dos outros. E os dela, onde estavam? Aurora já não conseguia mais reconhecer seus cachos morenos no espelho! Aurora agora tinha o cabelo rosa. Aurora já não tinha mais as unhas curtas, quase como o Zé do Caixão, ela tinha as unhas compridas demais para alguém que era muito higiênica!
Aurora continuava chorando porque parecia que o vazio de fora roubava tudo que o vazio de dentro tinha... Ela ia continuar sozinha, pois nem as lágrimas não a aguentavam mais! Fazia tempo que não sorria, era quase sempre que desistia, era todo o dia que corria contra o tempo. Porque Aurora ainda tinha alguns afazeres, trabalhava pelas tardes e quase sempre se atrasava. Pelo menos Aurora aprendeu a correr como ninguém. E corria, no entanto, não tinha os sapatos adequados. Quando de salto alto, corria na rua de pé descalço. Era a maior aventura que atualmente poderia ter!
Aurora numa dessas, pisou numa pedra, lembrou-se da voz dura do telefone! Decidiu voltar pra casa de salto mesmo. Entrou no quarto e ligou a porcaria do telefone. Ligou porque já não aguentava mais ouvir voz nenhuma: ela queria mesmo, agora, até a voz dura. Foda-se a voz macia, disse ela. Foda-se esse gogó gigante que eu já nem vejo mais. Eu vou ligar. Vou ligar de vez o telefone, afirmou ela, para poder dizer um adeus com a voz mais grossa, dura e firme que Aurora já teve.
Aurora ligou, finalmente, o telefone. E não para esperar que saíssem coisas especiais lá de dentro. Ela ligou para expulsar uma coisa muito especial. Um adeus que não é especial, não é adeus, é um tchau. Ela tremeu ao discar os números, ela suou ao ouvir o barulho da chamada, ela quase chorou quando a voz rígida atravessou como chuva de granizo. Ela engoliu a porcaria da chuva toda e disse Olá. Um olá quase tremulo, mas que logo se recupera.
Aurora conseguiu dizer adeus e então não precisou mais deixar o telefone desligado. Aurora conseguiu dizer adeus e por isso pode dizer muitos mais olás. Aurora cortou as unhas, tirou a cor brega e descascada do esmalte. Aurora pôs novamente seus tênis e parou de andar de salto. Aurora reencontrou os seus amigos, e percebeu que aqueles outros não eram mesmo pessoas que gostavam de poesia e música boa.
Aurora foi de novo Aurora. Aurora, de cabelos cacheados, não mais vazia, mas nem muito cheia! Porque não estar completamente cheio faz parte da vida e estar completamente cheio é impossível. Estar vazio acontece, o problema é quando dura muito tempo.
sábado, 10 de dezembro de 2011
Simples verdade
É tão difícil lidar com o amor,
apenas porque nós, sempre,
sem exceção,
fazemos esperando algo em troca.
apenas porque nós, sempre,
sem exceção,
fazemos esperando algo em troca.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Frases
Eu sempre me preocupei em definir o que o amor faz com a gente, mas nunca tentei definir o que a gente faz com o amor.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Tempo x Vento
Um livro de poemas,
por mais grosso que seja,
nunca pesa.
Ele é feito de ar.
Ar que toma conta dos pulmões,
e te faz suspirar letras tranquilas!
Tranquilas como a cabeça de vento do autor...
Um poeta tem a arte de perder tudo no tempo!
por mais grosso que seja,
nunca pesa.
Ele é feito de ar.
Ar que toma conta dos pulmões,
e te faz suspirar letras tranquilas!
Tranquilas como a cabeça de vento do autor...
Um poeta tem a arte de perder tudo no tempo!
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Bêbada
O mundo gira com uma velocidade certa.
E talvez por isso, as pessoas dêem valor para o que é exato.
Não pensam, no entanto,
em tudo que pode ser mostrado,
por quem pensa além disso.
Quem pensa além do fato
de dois mais dois ser quatro.
Eu só quero dizer,
que o exato, matemático,
não garante sonho nenhum!
E quantas vezes, meu Deus,
eu sonhei, delirei,
sem pensar em número algum!
E talvez por isso, as pessoas dêem valor para o que é exato.
Não pensam, no entanto,
em tudo que pode ser mostrado,
por quem pensa além disso.
Quem pensa além do fato
de dois mais dois ser quatro.
Eu só quero dizer,
que o exato, matemático,
não garante sonho nenhum!
E quantas vezes, meu Deus,
eu sonhei, delirei,
sem pensar em número algum!
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Quando em uma vista limpa,
começam a surgir prédios,
que tapam o sol da sua janela!
Primeiro, você sente falta do calor,
sente saudade da luz alaranjada nos seus móveis.
Depois, você esquece e se acostuma com a sombra.
O mais triste de ter saudade,
e por isso que é tão desesperador,
é saber que se esquecerá em questão de tempo.
começam a surgir prédios,
que tapam o sol da sua janela!
Primeiro, você sente falta do calor,
sente saudade da luz alaranjada nos seus móveis.
Depois, você esquece e se acostuma com a sombra.
O mais triste de ter saudade,
e por isso que é tão desesperador,
é saber que se esquecerá em questão de tempo.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
domingo, 13 de novembro de 2011
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Contradições
Como dizer,
que o coração não sente
o que os olhos não veem,
se o coração sente o tempo todo?
(Que agoniiiiiiiiiiiiiia veem sem acentoooooo! VÊEM!)
que o coração não sente
o que os olhos não veem,
se o coração sente o tempo todo?
(Que agoniiiiiiiiiiiiiia veem sem acentoooooo! VÊEM!)
Para o Gustavo Kievel e Constance Oderich. hahahahahaha
Ser inteligente
é a única forma
de não ser apenas beleza.
A beleza exige aos belos,
um esforço ainda maior.
Conseguir mostrar pro mundo,
algo além da casca.
é a única forma
de não ser apenas beleza.
A beleza exige aos belos,
um esforço ainda maior.
Conseguir mostrar pro mundo,
algo além da casca.
Mais um desses sem nome
Quando falta luz,
a música dos interruptores,
me lembra quão difícil,
é enxergar sem saber o quê!
Quando falta amor,
a música do palpitar dos corações,
me lembra quão difícil,
é amar sem ter o quê!
a música dos interruptores,
me lembra quão difícil,
é enxergar sem saber o quê!
Quando falta amor,
a música do palpitar dos corações,
me lembra quão difícil,
é amar sem ter o quê!
domingo, 9 de outubro de 2011
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Viajar
O céu que se abre azul,
o sol que se pinta dourado!
São as mesmas nuvens e
os mesmos raios,
que brilham para todo o lado!
A calma de um sorriso,
que em qualquer lugar sela a paz!
É a solução de toda uma vida,
em que se deve sonhar demais!
O mundo que gira,
essa bola maciça,
onde todos estamos!
Digo, vale a pena conhecer,
seja viajando ou imaginando!
o sol que se pinta dourado!
São as mesmas nuvens e
os mesmos raios,
que brilham para todo o lado!
A calma de um sorriso,
que em qualquer lugar sela a paz!
É a solução de toda uma vida,
em que se deve sonhar demais!
O mundo que gira,
essa bola maciça,
onde todos estamos!
Digo, vale a pena conhecer,
seja viajando ou imaginando!
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Meu Pai
Ele organiza as madeiras.
De uma forma sem igual.
Com encaixes,
faz tábuas formarem
esta forma sensacional.
Traz foto da casa que constrói sozinho.
Aquela beleza de madeira,
contrastada ao céu azul,
onde pousam os passarinhos.
E dá vontade de chorar.
De tão bonito que é o lugar.
De como é bom, pra ele,
estar ali e realizar.
De vez em quando é teimoso,
disfarça,
quando se desequilibra
daquela casa,
que insiste
em construir.
Uma insistência tão bonita
que qualquer um poderia viver ali.
Pai, pelo amor de Deus,
só toma cuidado pra não cair!
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Sem egoísmo
Eu só não escrevo mais, porque quando escrevo, tenho a sensação de respirar o ar do mundo inteiro.
Enganos
As bolsas européias caíram.
Foi o que eu ouvi.
E as francesas, parece,
tiveram que se curvar ao chão
para pegá-las.
Foi o que eu ouvi.
E as francesas, parece,
tiveram que se curvar ao chão
para pegá-las.
Pipoti
Chico
domingo, 11 de setembro de 2011
Estranhas comparações
A lua,
é quando à noite,
o maior de todos
os gigantes,
liga sua lanterna
para tomar conta de nós.
é quando à noite,
o maior de todos
os gigantes,
liga sua lanterna
para tomar conta de nós.
Estranhas comparações
As grandes temporadas de chuva
Ocorres quando os amores dos gigantes
acabaram em lágrimas.
Ocorres quando os amores dos gigantes
acabaram em lágrimas.
lixo
Gota.
Gosta
De Cair.
Do meu
Pro teu
Coração.
Feito conta gotas.
Eu tento dosar
O meu amor.
Que não gosta
de gostar.
Tanto de ti.
Gosta
De Cair.
Do meu
Pro teu
Coração.
Feito conta gotas.
Eu tento dosar
O meu amor.
Que não gosta
de gostar.
Tanto de ti.
sábado, 27 de agosto de 2011
domingo, 21 de agosto de 2011
A grande família
Meu pai fala da simplicidade.
Minha mãe diz sobre a vida.
Eu ouço o som de suas vozes.
E imagino uma despedida.
Uma filha há tempo se foi,
a outra agora há pouco.
Minha vez então não demora,
a deixar essa casa de louco.
Todas já reclamaram,
todas quiseram sair.
Mas as duas que foram,
voltaram.
E ainda voltam,
mesmo que tenham de ir.
Meu pai é todo orgulhoso.
Ver as filhas sair do ninho.
A mãe a mesma coisa,
mas sempre com saudade do carinho.
A minha hora então vai chegar,
ainda que eu tenha de esperar.
Aí quero ver o sufoco,
de a última filha deixar.
Então vem a imagem
de ver essa casa vazia.
Os quartos em que já bati na porta,
quando tinha medo,
sem nenhuma resposta tranquila.
Como é deixar uma casa,
onde se aprendeu quase tudo que se sabe?
Onde todo mundo sempre se preocupou,
em deixar o pensamento à vontade.
Minha mãe diz sobre a vida.
Eu ouço o som de suas vozes.
E imagino uma despedida.
Uma filha há tempo se foi,
a outra agora há pouco.
Minha vez então não demora,
a deixar essa casa de louco.
Todas já reclamaram,
todas quiseram sair.
Mas as duas que foram,
voltaram.
E ainda voltam,
mesmo que tenham de ir.
Meu pai é todo orgulhoso.
Ver as filhas sair do ninho.
A mãe a mesma coisa,
mas sempre com saudade do carinho.
A minha hora então vai chegar,
ainda que eu tenha de esperar.
Aí quero ver o sufoco,
de a última filha deixar.
Então vem a imagem
de ver essa casa vazia.
Os quartos em que já bati na porta,
quando tinha medo,
sem nenhuma resposta tranquila.
Como é deixar uma casa,
onde se aprendeu quase tudo que se sabe?
Onde todo mundo sempre se preocupou,
em deixar o pensamento à vontade.
Ando tentando tirar fotos!
sábado, 20 de agosto de 2011
Quando a morte chegou
Da morte que te chamas
Nunca te vi fugir.
Do calor da tua cama,
Eu nunca pensei em sair.
Um dia eu era bela,
Sorria para ti.
No outro vi teus olhos estremecer,
E hoje choro por ti.
Era linda a cidade,
Colorida por teu canto.
Atualmente à essa hora,
Só se escuta o meu pranto.
A tua cama que era quente,
Eu nunca mais visitei.
Só me lembro assim, da gente,
E do rosto gelado que eu beijei.
Nunca te vi fugir.
Do calor da tua cama,
Eu nunca pensei em sair.
Um dia eu era bela,
Sorria para ti.
No outro vi teus olhos estremecer,
E hoje choro por ti.
Era linda a cidade,
Colorida por teu canto.
Atualmente à essa hora,
Só se escuta o meu pranto.
A tua cama que era quente,
Eu nunca mais visitei.
Só me lembro assim, da gente,
E do rosto gelado que eu beijei.
horrível esse aqui
Eu inventei um relógio
Em que as horas passavam devagar.
Então eu morri com vinte anos.
É triste tentar adiar o tempo,
Em vez de viver bem um segundo rápido.
Em que as horas passavam devagar.
Então eu morri com vinte anos.
É triste tentar adiar o tempo,
Em vez de viver bem um segundo rápido.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
domingo, 31 de julho de 2011
Quem concorda?
Existem dois tipos de amores:
o que a gente sabe o celular de cor,
e o que a gente nunca soube.
o que a gente sabe o celular de cor,
e o que a gente nunca soube.
Zig
O barulho do dedo
nas cordas do violão,
aquele que faz "zig",
me acalma.
É como se tivessem esfregado a mão
nas cordas de aço
para eu dormir.
nas cordas do violão,
aquele que faz "zig",
me acalma.
É como se tivessem esfregado a mão
nas cordas de aço
para eu dormir.
A cozinha ainda está suja.
Será que eu escrevo por desculpa?
Essa louça toda, se eu lavar,
olha quantas ideias vai me tirar.
Não tenho como escrever lavando pratos,
a água vai manchar as letras e
deixar seus rastros.
Basta se esforçar: entendam
os escritores, pintores e compositores
que demoram a limpar.
Não é tudo planejado:
as ideias não vêm somente quando estamos
embaixo de uma árvore sentados.
Será que eu escrevo por desculpa?
Essa louça toda, se eu lavar,
olha quantas ideias vai me tirar.
Não tenho como escrever lavando pratos,
a água vai manchar as letras e
deixar seus rastros.
Basta se esforçar: entendam
os escritores, pintores e compositores
que demoram a limpar.
Não é tudo planejado:
as ideias não vêm somente quando estamos
embaixo de uma árvore sentados.
Aquarela suja.
Abri uma janela em aquarela.
As cores escorriam
da rua até a favela.
É o fim dessa vida em pintura realista.
O mundo enxerga agora de outra vista.
Tudo que vejo parece arte.
Até esses meninos jogando bola à tarde.
Entristeci ao enxergar novamente,
quando limpei minhas sujas lentes.
Esses óculos imundos é que pintaram a tela,
pensei mesmo que o mundo virava aquarela.
As cores escorriam
da rua até a favela.
É o fim dessa vida em pintura realista.
O mundo enxerga agora de outra vista.
Tudo que vejo parece arte.
Até esses meninos jogando bola à tarde.
Entristeci ao enxergar novamente,
quando limpei minhas sujas lentes.
Esses óculos imundos é que pintaram a tela,
pensei mesmo que o mundo virava aquarela.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
O som do nada é um pouco aterrorizante,
não se consegue a concentração para escutar.
Mas quando imagino a imagem do nada,
ao quase ver o todo branco,
logo minhas pupilas ficam pequenas.
É a necessidade que o azul do meu olho,
tem de transbordar.
É uma pena.
Esse azul acinzentado
se perde no branco.
Esse branco que é não existir.
não se consegue a concentração para escutar.
Mas quando imagino a imagem do nada,
ao quase ver o todo branco,
logo minhas pupilas ficam pequenas.
É a necessidade que o azul do meu olho,
tem de transbordar.
É uma pena.
Esse azul acinzentado
se perde no branco.
Esse branco que é não existir.
Confesso que...
...quando eu escrevo, tento pensar como o Mário Quintana, agir como o Mário Quintana. Aposto que ele não postava em um blog. Chego até a tentar me convencer de que escrevo melhor do que o Mário Quintana. Podia agora mesmo imprimir todos meus poemas e esfregar na cara dele que eu poderia ter a minha própria casa de cultura. Seria capaz de encontrá-lo onde quer que ele esteja, aquele morto, para ler qualquer um dos meus gloriosos versos. Volto à realidade e me lembro que enquanto eu pensava em esfregar na cara dele meus escritos, eu não havia escrito nada. Percebo então que qualquer palavra minha, perto das dele, não têm nem cabimento, não têm importância, assim como um velório sem defunto.
Maldito
Falei, falei, falei, falei e falei. Perfeito. Olharam pra mim como se eu fosse louca. Tudo porque o dia passa devagar, o relógio faz aquele barulho irritante que parece rasgar lentamente os meus timpanos. Maldito tempo. Maldito tempo que não passa e me faz suspirar uns segundos vazios.
terça-feira, 12 de julho de 2011
Muahaha Girls
Três pessoas e um choro. Quatro e um choro. Cinco, e ainda o choro. Com seis pessoas o choro ainda era cheio de água. Ao chegar a sétima e a oitava o choro intensificou-se. Era um grupo fechado e verde de choro: o verde de um uniforme que uniformizava a dor. Eu perguntei o que foi e uma das três primeiras respondeu: é a "vóvis". Foi o suficiente para saber o porquê de tantas lágrimas de uma, e nenhuma resposta. Vóvis era a palavra perfeita para explicar o necessário: as lágrimas eram causadas por uma dor antiga. Com rugas, mas bonita. Com idade, mas moderna o suficiente para jogar video game. Vó quando está perto faz questão de renovar-se para não ficar longe.
Dentro daquele bloco verde - sim, aquilo era um bloco inteiro, onde os braços não eram mais individuais - tinha a comoção de cada uma e um respeito natural, sem precisar pensar em como ser. Quietas, deixamos a menina que chorava descrever aquela pessoa mais linda do mundo.
Não sei se fui a única, mas ao estar naquela situação, me lembrei sobre os comentários que faziam sobre nós, as meninas. Os comentários de que somos um grupo fechado que fala mal das infelicidades dos outros e as torna abertas. Aí então me dei conta de que este grupo fechado fechou-se mesmo para esconder a dor em um bolo de carinho: ninguém precisava saber o porquê de tanto choro. Aquele "grupo fechado" pode contar com suas integrantes de modo com que nenhuma estivesse preocupada em consolar, dizer palavras bonitas e mostrar para os outros como consola bem. Era um grupo quieto capaz de entender e sentir como chorar sem receber conselhos óbvios era necessário naquele momento.
Foi então que um choro entre oito pessoas, tornou-se três choros entre oito. E estes choros continuaram sendo respeitados. Uma lembrou de sua dor pela dor da outra e aí sim acabou transbordando em lágrimas. Ninguém tentou justificar-se, ninguém tentou aproximar-se para consolar. Talvez porque tivessem medo não de um "grupo fechado", mas de um grupo mais sólido junto do que separado.
Nós estivemos juntas nas festas, HP's, recreios, almoços e estudos. Recebimentos de notas, de foras e de guampas. Recebimentos de elogios. Recebimentos de declaraçõese e presentes. Estivemos juntas na hora em que um parente nasce, na hora em que um parente passa por dificuldades e na hora em que um parente morre. Vamos estar juntas para lembrar destes parentes e ver os novos crescerem.
A vóvis vai ficar bem Iasmini.
Para todas as Muahaha Girls, todas!
Beijo gurias, amo a gente!
Dentro daquele bloco verde - sim, aquilo era um bloco inteiro, onde os braços não eram mais individuais - tinha a comoção de cada uma e um respeito natural, sem precisar pensar em como ser. Quietas, deixamos a menina que chorava descrever aquela pessoa mais linda do mundo.
Não sei se fui a única, mas ao estar naquela situação, me lembrei sobre os comentários que faziam sobre nós, as meninas. Os comentários de que somos um grupo fechado que fala mal das infelicidades dos outros e as torna abertas. Aí então me dei conta de que este grupo fechado fechou-se mesmo para esconder a dor em um bolo de carinho: ninguém precisava saber o porquê de tanto choro. Aquele "grupo fechado" pode contar com suas integrantes de modo com que nenhuma estivesse preocupada em consolar, dizer palavras bonitas e mostrar para os outros como consola bem. Era um grupo quieto capaz de entender e sentir como chorar sem receber conselhos óbvios era necessário naquele momento.
Foi então que um choro entre oito pessoas, tornou-se três choros entre oito. E estes choros continuaram sendo respeitados. Uma lembrou de sua dor pela dor da outra e aí sim acabou transbordando em lágrimas. Ninguém tentou justificar-se, ninguém tentou aproximar-se para consolar. Talvez porque tivessem medo não de um "grupo fechado", mas de um grupo mais sólido junto do que separado.
Nós estivemos juntas nas festas, HP's, recreios, almoços e estudos. Recebimentos de notas, de foras e de guampas. Recebimentos de elogios. Recebimentos de declaraçõese e presentes. Estivemos juntas na hora em que um parente nasce, na hora em que um parente passa por dificuldades e na hora em que um parente morre. Vamos estar juntas para lembrar destes parentes e ver os novos crescerem.
A vóvis vai ficar bem Iasmini.
Para todas as Muahaha Girls, todas!
Beijo gurias, amo a gente!
Envolver o útero
Eu ando caminhando sozinha com os braços cruzados. Não só pela vontade de bloquear a entrada de tudo que vem de fora interferir em meus pensamentos, mas também para manter meus pensamentos seguros somente para mim. Os braços, no entanto, não podem envolver meu cérebro e acabaram por envolver meu útero. Eu fico muitas vezes sentadas na mureta do colégio, bem em frente ao bar, tentando aproveitar aquele pouquinho de sol. Me escoro na parede mas às vezes o sol está tão timido que nem ao me ver apoiada e encolhida, consegue se aproximar. Ali então eu fico, com sol ou não, tentando observar tudo e todos: porém meus olhos caem ao chão e observam cada pedaço áspero da pedra gres. Olhar o chão áspero arranha meus olhos de alguma forma que me faz ter vontade de chorar. E essa vontade de repente rompe a minha corrente feita de braços que deixam de proteger o útero, e vão logo limpar as lágrimas quando há choro. Se não há, os braços ficam pelo útero mesmo, tentando segurar o pensamento ou sentir as borboletas no estômago. Estas borboletas no estômago são aquelas que batem as asas rapidamente, mas que esquecem de avisar que quando morrem, não garantem que deixam sucessoras. Às vezes as borboletas que nos lembram que o amor está vivo, simplesmente morrem, não deixam herdeiras e o amor é esquecido até esgotar. Então eu tiro meus olhos do chão áspero e olho para o lado procurando alguma borboleta, que já não precisava ter asas muito grandes, para engolir e segurá-la no meu útero. A borboleta poderia estar em forma de menino. Ela geralmente tinha forma de menino e o menino era um só: o que estava cansado de ser engolido por um estômago que queria as novidades e compartilhá-las a todo momento.
É por isso que estou no muro. Porque estou tentando pensar só no meu pensamento, sem ter que olhar para o lado e achar aquela borboleta. Hoje, então, não sei se é a borboleta em específico que eu preciso, mas eu ainda lembro como é bom sentir asas de borboleta batendo aqui dentro. Conhecidas, ou não. Eu quero saber se é só aquele amor que é bonito, ou que é o amor em geral que vai me fazer feliz.
É por isso que estou no muro. Porque estou tentando pensar só no meu pensamento, sem ter que olhar para o lado e achar aquela borboleta. Hoje, então, não sei se é a borboleta em específico que eu preciso, mas eu ainda lembro como é bom sentir asas de borboleta batendo aqui dentro. Conhecidas, ou não. Eu quero saber se é só aquele amor que é bonito, ou que é o amor em geral que vai me fazer feliz.
domingo, 1 de maio de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Um banho
O chuveiro parece ser um ótimo lugar
para assumirmos nossos segredos.
Isso porque, antes que passemos vergonha,
a água trata de levar tudo rapidinho pelo ralo.
O cheiro horrível vindo do ralo,
não vem do esgoto...
vem dessa podridão dentro de nós mesmos!
para assumirmos nossos segredos.
Isso porque, antes que passemos vergonha,
a água trata de levar tudo rapidinho pelo ralo.
O cheiro horrível vindo do ralo,
não vem do esgoto...
vem dessa podridão dentro de nós mesmos!
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Miu
Hoje eu vi um gato.
Tão branco como nuvem,
olhos como o céu.
O seu rabo, era forte
e imponente como o vento.
Ele tinha tudo isso,
tão importante, tão dono de si.
Apenas, seu miado,
envergonhado, como o sol nesse dia nublado,
Pedia um lugar pra morar.
Tão branco como nuvem,
olhos como o céu.
O seu rabo, era forte
e imponente como o vento.
Ele tinha tudo isso,
tão importante, tão dono de si.
Apenas, seu miado,
envergonhado, como o sol nesse dia nublado,
Pedia um lugar pra morar.
Como princesas e rainhas.
Os móveis de madeira escura da minha casa
me fazem pensar, imaginar.
Como seria uma vida antiga,
tão velha,
há tanto tempo.
Uma vida tão emocionante quanto
um filme de época.
Tão cruel como o ajustar de um espartilho.
O espartilho de um vestido,
Com a saia cheia de camadas frustradas.
Ali dentro alguém se sentindo muito,
muito menor do que o ar que conseguia respirar.
me fazem pensar, imaginar.
Como seria uma vida antiga,
tão velha,
há tanto tempo.
Uma vida tão emocionante quanto
um filme de época.
Tão cruel como o ajustar de um espartilho.
O espartilho de um vestido,
Com a saia cheia de camadas frustradas.
Ali dentro alguém se sentindo muito,
muito menor do que o ar que conseguia respirar.
Gotas transparentes
Agora o que resta,
É tomar um banho.
Aqueles em que as gotas
Ficam na ponta dos cílios.
Aqueles em que o calor
Tenta lavar a alma.
Em que o vapor,
Faz-me olhar lá no fundo.
Não adianta decepcionar-se
E não olhar para dentro.
É tomar um banho.
Aqueles em que as gotas
Ficam na ponta dos cílios.
Aqueles em que o calor
Tenta lavar a alma.
Em que o vapor,
Faz-me olhar lá no fundo.
Não adianta decepcionar-se
E não olhar para dentro.
Aquela ferrugem entre os dedos
O cansaço não me deixa
Segurar-me nas cordas,
E lutar pelo que deveria ser meu.
Eu simplesmente largo tudo no ar,
Com dor nas juntas.
Aquela dor enferrujada.
Segurar-me nas cordas,
E lutar pelo que deveria ser meu.
Eu simplesmente largo tudo no ar,
Com dor nas juntas.
Aquela dor enferrujada.
Mais uma da chuva.
A chuva aparece quando nada tem mais jeito...
Não que ela queira estragar tudo,
É que ela não tem jeito mesmo,
De aparecer em meio a alegria...
Não que ela queira estragar tudo,
É que ela não tem jeito mesmo,
De aparecer em meio a alegria...
sábado, 2 de abril de 2011
domingo, 13 de março de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
"Isso é normal para o tipo de gente de vocês."
Odeio gente que se acha importante por achar-se diferente dos outros. Quando apenas nós notamos nossa diferença, é porque algo está errado. Às vezes, para conviver com outras pessoas, é necessário perceber que de alguém sempre podemos tirar algo bom. E nunca, nunca pensar que tu és demais para se misturar com "esse tipo de gente de vocês". É uma regra simples de convivência, para quem quer ter convivência: Tu não podes apenas conviver com o teu "tipo de gente". Aprender a conviver é aprender a se jogar no meio dessa mistura entre flores e espinhos. Nada é tão bom, para não ficar melhor ainda misturado.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Como Gato
Talvez tu tenhas olhos de gato,
Com aquele estranho formato,
Mas que tiram a minha dor!
Talvez tu pules a janela,
Sem fazer algum barulho,
Como alguém que nunca,
Nunca nada pesou.
E se pela noitinha,
Não te chamar pra vir pra dentro,
Ou nem te dar comida...
Aí, então, me lembrarei:
Os gatos, independentes,
Cuidam de suas próprias vidas.
Com aquele estranho formato,
Mas que tiram a minha dor!
Talvez tu pules a janela,
Sem fazer algum barulho,
Como alguém que nunca,
Nunca nada pesou.
E se pela noitinha,
Não te chamar pra vir pra dentro,
Ou nem te dar comida...
Aí, então, me lembrarei:
Os gatos, independentes,
Cuidam de suas próprias vidas.
domingo, 23 de janeiro de 2011
Espelho perigoso
Se os olhos não enxergam,
Os ouvidos não escutam...
O que o cérebro absorve
E o que a boca fala?
É comum não saber nada,
Quando o importante torna-se
Saber somente sobre si.
Os ouvidos não escutam...
O que o cérebro absorve
E o que a boca fala?
É comum não saber nada,
Quando o importante torna-se
Saber somente sobre si.
sábado, 22 de janeiro de 2011
Até hoje não encontrei ninguém que pudesse explicar se é destino ou coincidência. A vida não deixou nenhuma pista. A coincidência tira a magia de um destino escrito. No entanto, é mais mágico acreditar que as coisas acontecem porque tem que acontecer, ou porque a vida simplesmente tomou outro rumo? O outro rumo está no meio de todas as outras coisas, e por uma infeliz ou feliz coincidência ele aconteceu.
Mágico é pensar que a gente vive tudo isso sem nunca poder responder se é destino ou coincidência, mas apenas saber lidar.
Hoje eu estou feliz, mas semana passada eu estava triste. Era assim que tinha que ser? Ou, por coincidência, hoje foi um belo dia de sol?
Mágico é pensar que a gente vive tudo isso sem nunca poder responder se é destino ou coincidência, mas apenas saber lidar.
Hoje eu estou feliz, mas semana passada eu estava triste. Era assim que tinha que ser? Ou, por coincidência, hoje foi um belo dia de sol?
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Ela não entendeu por que, mas seus olhos estavam cada vez mais azuis. Um azul que não se limitava ao azul da cor do mar: era o azul de todos os azuis. Azul da água, do céu, da hortência. Sei lá, era azul do jeito que qualquer um podia ver, era azul do jeito que qualquer um quisesse ver.
Ela sorria branco. Branco de todas as flores, de todas as nuvens, branco como leite. Ela sorria todo o branco que tinha direito. Sorria até mesmo o branco que os outros não tinham.
O seu cabelo estava bem mais amarelo: um amarelo de quem deixou o sol entrar. E como entrou! Aquele sol invadiu o corpo todo e queimou quase tudo de ruim que tinha lá dentro.
Continuou não sabendo por que, mas ela estava encontrando nela mesma todas as cores possíveis, imagináveis. Finalmente ela conseguiu colorir o retrato preto e branco que estava dentro dela. Porque todos têm uma foto dentro de si, a imagem real, que nem sempre é sorridente.
Suas cores, agora, eram as mesmas, tanto do lado de dentro quanto do lado de fora. O que ela sentia, era o mesmo que ela mostrava: e tudo estava tão colorido! E agora tudo é tão feliz.
Ela sorria branco. Branco de todas as flores, de todas as nuvens, branco como leite. Ela sorria todo o branco que tinha direito. Sorria até mesmo o branco que os outros não tinham.
O seu cabelo estava bem mais amarelo: um amarelo de quem deixou o sol entrar. E como entrou! Aquele sol invadiu o corpo todo e queimou quase tudo de ruim que tinha lá dentro.
Continuou não sabendo por que, mas ela estava encontrando nela mesma todas as cores possíveis, imagináveis. Finalmente ela conseguiu colorir o retrato preto e branco que estava dentro dela. Porque todos têm uma foto dentro de si, a imagem real, que nem sempre é sorridente.
Suas cores, agora, eram as mesmas, tanto do lado de dentro quanto do lado de fora. O que ela sentia, era o mesmo que ela mostrava: e tudo estava tão colorido! E agora tudo é tão feliz.
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